Era dia 23 e eu não estava em
Abaeté. Não montei a árvore de Natal, como faço todos os anos. Nem fiz aquela
tradicional torta de biscoito champagne – nem inventei moda tentando colocar
abacaxi e coco.
Era dia 24 e não acordei ansiosa
pensando nos presentes que iria ganhar. E dar. Não senti aquela sensação de
felicidade ao acertar na escolha do presente. Nem aquela surpresa ao receber um
presente inusitado. Ou a alegria em receber aquilo que sabia que iria ganhar –
porque me contaram antes ou porque espiei antes da hora.
Era ainda dia 24 e não saí com
pressa e estressada em busca daquele presente que faltou. Não pensei na roupa
que usaria à noite nem atormentei a todos com isso. Não encontrei pessoas que
há exato um ano não via. Não saí de uma casa cheia de gente pra outra com
tantas outras. Não passei a meia-noite nessa segunda casa nem desejei Feliz
Natal a todos. Não voltei à primeira casa para agora desejar um Feliz Natal
àqueles que não estavam ao meu lado na passagem do dia 25. Não cheguei em
casa de madrugada nem dei um beijo de boa noite e desejei Feliz Natal às
pessoas que mais amo. Não fui dormir pensando no dia alegre que se passou nem
fiquei imaginando o almoço do dia seguinte.
Apesar de hoje ser dia 25, não é
Natal. Simplesmente porque não estou rodeada pela minha família. Porque foi
isso que me ensinaram que era o Natal. Família. Todos reunidos e com um único
sentimento: felicidade por estarmos juntos. Talvez só hoje, que não tenho isso,
seja plenamente capaz de dizer que esse é o espírito do Natal. O meu Natal, que
vivo desde muito pequena, dividida entre duas casas, amando cada uma delas de
um jeito especial.
Não é Natal, mas ainda assim, um
dia especial. Especial porque pessoas o fizeram assim: Rodrigo, Rafa Legal, Jú,
Klayton, Lorena, Ana, Adriana, Gabi e Matheus. Especial porque um simples
telefonema tem esse poder, de transformar uma noite comum, ou mesmo triste por
tantas coisas que não aconteceram, em inesquecível. Porque pessoas muito importantes
estão sempre comigo. Mãe, Pri e Bruno. Só de ouvir a voz de vocês, o mundo se
transforma. Lembranças vem à tona e transbordam os sentimentos.
Pode até não ser Natal, mas uma
coisa é certa: a distância não impede que nossa árvore de Natal seja montada,
que os presentes sejam distribuídos, ainda que em outras datas; não impede
reencontros nem que os votos de felicidades cheguem àqueles que amamos. Impede beijos e abraços, sim. Olhos nos olhos. Mas esses logo virão!
Feliz Natal.
Prettige feestdagen!
Gabi, muito lindo o seu texto!! Toda a felicidade do mundo para você!
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