Mais um ano. Ou, numa visão mais
pessimista, menos um! A verdade é que 2012 foi um ano completamente inesperado.
A única certeza que eu tinha na passagem de 2011-2012 era de que eu acabaria
formada. É, nem isso aconteceu. Ou melhor, em parte: só falta mesmo o diploma e
duas ou três disciplinas. A missa já foi. Colação também. Festa, oh, se foi! E
o mais triste: se foram as aulas legais, com caras legais, com papos legais...
porque o que a gente menos fazia lá era Engenharia, né?
E o que veio no lugar? Veio tia
Dilma. Veio uma viagem inesperada. Veio um grupo de pessoas estranhas. Não
pensem mal de mim: estranho às vezes é bom! E nesse caso também foi. Tudo bem
que no início alguns não gostavam de mim, ou porque eu era na minha ou fazia
graça com o sotaque dos outros, e diziam que eu era blasé... até o dia em que
ofereci um resto de sanduíche do Subway. Viu, a magia está nas coisas simples
da vida!
Mas se a minha vida fosse contada
pelo Facebook, é bem provável dizerem que eu vivi muito mais nesse ano do que
nos anteriores. Bom, pelo menos são desse ano a grande maioria das fotos. E
olhe que eu nem gosto de publicá-las: prefiro deixar só os outros me marcando.
As minhas fotos e minhas impressões resolvi guardar no blog, uma ideia que
roubei dos amigos que saíram de intercâmbio e que depois acabou virando moda
por aqui. #gabifazendomodanaEuropa
E já que falei em moda, só mesmo
no ano em que o mundo estava destinado a acabar pra eu usar uma calça rosa e
querer comprar uma verde e uma vermelha (mas não a amarela mostarda). Modas
europeias pegam. Menos a de não tomar banho, ‘Graças a Deus’! Mas alguns aqui se
simpatizaram com ela. Alguém diria que 56 horas sem banho é muita coisa?
Mas, entre aulas chatas de
filosofia, para a qual fui empurrada (e da qual saí ainda em tempo), e aulas com
o Bart, repetidas vezes na semana, com aquela mesma camisa roxa, falando das
mesmas coisas e em disciplinas diferentes, sobrevivi. No início, tendo mais
sono que o comum. Até que resolvi adotar o meu comportamento em aulas no
Brasil: socializar! Tudo fica tão mais divertido! O sono até passava.
Mas êta lugar pra dar sono. Essa
Europa no inverno é uma coisa deprimente. Se fosse só o frio, eu nem me
importava. Mas o problema é que a paisagem é feia e chove. CHOVE MUITO. E eu detesto
chuva. Ainda mais que ela sempre me paga quando saio de casa. E o tempo muda
aqui com uma rapidez! Do dia bonito pro feio, claro. Não foram raras as vezes
em que acordei, olhei pela janela e pensei: oba, não está chovendo e o sol está
até aparecendo. Bastava eu descer pra tomar café que tudo escurecia. E tudo
escurece muito cedo. Oh boca maldita que reclamou que o dia aqui só acabava às
22h em agosto. Agora já fica escuro às 16h... e olha que só amanhece às 9h.
Assim não dá. Não dá vontade de sair de casa, só de dormir. Mas como vou
viajar?
Viajar... viajar foi algo que fiz
bastante aqui. Com a família, com a ‘galerinha da facul’, com os novos colegas,
sozinha .... Até que orçamento apertou – nessa semana. Mas e agora, como ficam
meus planos pra 2013?
A curto prazo, a ideia é fazer um
regime e engordar o porquinho pra chorar as mágoas em outro cenário depois do
desastre das provas de janeiro. Previsto com antecedência, claro, já que até
hoje nem comecei a pensar nelas. Mas eu prefiro surpresas. Quem sabe não vem
uma boa? #FimDeAnoÉIgualAEsperança
De mais, vou usar o cliché do
Zeca e deixar a vida me levar, pra onde ela quiser. Se quiser que dessa vez eu
bata a meta de leitura, que seja! Nada de pressão... Live and let live!
Pensando bem: eu tenho uma meta
sim: me formar de verdade e torcer pra crise não me atrapalhar. E seja o que a
Dilma quiser! =)
Happy New Year!
Réveillon no telhado... #EuEMinhaCalçaBelgaChiqueBebendoChampagne
Antes de começar, gostaria de agradecer ao Brunín que, involuntariamente, me incentivou a ir conhecer Spa-Francorchamps! =)
E foi assim que tudo começou: Acordei anteontem às 12h30 e pensei que não ia dar tempo de viajar mais... e então comecei a pensar, pra onde irei amanhã? Sem ter resposta, fui dar uma passeada pelo Twitter. Tava à toa e com preguiça de arrumar o pardieiro que eu chamo de casa (e que estava um pouco mais bagunçado que o normal depois do Natal). Vasculhando uns tweets antigos, me deparei com a seguinte conversa:
@gasoaresperto das cidades de Spa, Stavelot e Malmedy, na província de Liège, nas Ardenas#wikipedia
Taí! Perdi a corrida, mas ainda posso aproveitar que estou aqui pra visitar! Bom, foi quase isso. Fiquei bem triste, na verdade, ao descobrir que só há tour no circuito durante a temporada da F1 (março a novembro). A vontade de me matar por ter estado aqui de agosto a novembro e não ter tido essa brilhante ideia passou um pouco quando vi que havia um museu do circuito, em Stavelot (uma bostinha de nada no meio da Valônia!).
E eis que lá fui eu, forever alone e de madrugada (saí de casa 8h e estava escuro ainda!), pegar dois trens e um ônibus pra chegar no bendito lugar! Mas cheguei.
Abbaye de Stavelot
O museu do Circuito de Spa-Francorchamps fica na Abadia de Stavelot (Abbaye de Stavelot), um dos monastérios mais antigos da Bélgica e que também abriga o Museu histórico da região de Stavelot-Malmedy, o Museu Guillaume Apollinaire e atualmente a exposição Chocol@tes.
Paguei pra ver tudo no museu e até tentei, começando pela história da região e aprendendo tudo sobre um tal Wibald, um abade belga importante lá pelo século XII, mas o que eu queria mesmo era ver F1! Larguei a exposição pela metade, desci as escadarias e Voilà!
Só pra dar um gostinho!
Ali estava a história daquele que é considerado por muitos pilotos como “o circuito mais bonito do mundo”, inclusive pelo próprio Michael Schumacher, cuja frase decora o chão do hall de entrada. Uma grande exposição de carros de diversas categorias é o que se pode apreciar durante a visita, juntamente com fotos de momentos memoráveis do circuito, imagens de personagens que aí fizeram história e as próprias mudanças pelas quais passou o circuito ao longo desses 91 anos.
Formula Ford 1987
Dallara F396 1998; Bowman Formula 3 1992; Lola T292 1972.
Porsche 917K 1970. O que a Família Schumacher faz ali ao fundo??
Pois é, tem corrida de bicicleta!
Yamaha TZ 1976 e um protótipo de 1986.
Um monte de carros e motos!
Ferrari F40 1989. Essa nasceu junto comigo!
Apesar de ser o berço de várias categorias, o lugar é famoso mesmo pela Fórmula 1 – e talvez por isso grande parte do museu seja dedicado a explicar as partes mais importantes de um carro de F1 e a evolução ao longo dos anos.
E tudo começa pelo chassi: vèramente o esqueleto do carro, onde tudo se apoia: motor, suspensão, caixa de câmbio, carroceria... Com os chamados chassis monocoque, estrutura e carroceria se fundem em uma única peça, que lá no início era feita de aço. Depois disso, veio o chamado chassi tubular, que usava tubos metálicos mais leves soldados, primeiro em carros de competição e depois na produção de carros em série. Em 1962, um tal Chapman revoluciona o mundo automobilístico, usando novamente o chassi monocoque na sua Lotus 25, só que agora, tudo era de chapa de alumínio rebitado – bem mais leve. Além disso, chassi, componentes mecânicos e carroceria como uma única peça e moldável, permitiu a construção de uma carroceria bem mais aerodinâmica. O negócio era então mais resistente a deformação e mais leve que os modelos tubulares. #belasacada.
Cockpit antigo.
Depois do chassi, pneus!!! Todo fã de F1 sabe como essa questão é complicada... e a FIA tem sempre que meter o dedo pra atrapalhar tudo: só um fornecedor, dois tipos de pneu por corrida... Só esquecem de perguntar para os pilotos, maiores interessados, afinal, o pneu é o melhor amigo dele: essencial para o desempenho do carro, pra se manter na pista e pra sua segurança.
Os pneus foram inventados em 1888 por Dunlop, que introduziu uma carcaça de fios entrelaçados numa peça de borracha – nasceu assim o primeiro pneu a estrutura metálica! Pra satisfazer as exigências cada vez maiores das competições, os pneus são continuamente modificados quanto à química da borracha, o desenho, a largura e mesmo o peso das rodas. Como diria Gary Anderson: “Os pneus ditam tudo, se você não é bom para eles e exigir-lhes demais, você pode ter certeza de que terá problemas. É preciso monitorar, é disso que é preciso”.
Pra aguentar o tempo aqui, só com um bom pneu de chuva!
Já que falei de pneus, hora de introduzir a história dos pit-stops! Eu não fazia ideia disso, mas a ideia da parada no meio da corrida veio de um incidente com o Alain Prost. Em 25 de janeiro de 1982, no circuito de Kyalami, na África do Sul, o pneu do Alain Prost furou e ele fez uma parada para troca. Com isso, ficou a uma volta do líder. Mas, porém, contudo, entretanto, de posse de pneus novos e com uma melhor aderência à pista, Prost fez uma corrida de recuperação e terminou com o caneco na mão. E foi assim que Bernie Ecclestone introduziu nas corridas os pit-stops, permitindo a troca e a utilização de pneus de alto desempenho, mas de vida útil reduzida, e também o reabastecimento, de modo que agora os carros podiam entrar na corrida mais leves. O mais legal de tudo é saber que eles se tornaram a parte principal da estratégia de corrida, principalmente nesses últimos anos da Fórmula 1.
Curiosidade: para um pit-stop convencional (com troca de pneus e reabastecimento), são necessárias 29 pessoas: 12 mecânicos para trocar os pneus (três para cada, sendo um o “Gun man”, que cuida de desaparafusar e parafusar os pneus, um cara pra tirar o pneu velho e outro pra colocar o novo), 2 para levantar o carro, dois para reabastecer, 2 para limpar as entradas de ar dos radiadores, 1 pra cuidar da plaquinha que fica na frente do piloto (Lollilop Man), mudando de <<Breaks On>> pra <<First Gear>>, 1 pra limpar o visor do capacete do piloto e 1 técnico de vigília com um extintor de incêndio (e sempre que ele tem que entrar em ação é uma emoção à parte!).
Quando eu falei do chassi, mencionei a importância que o estudo da aerodinâmica da carroceria foi ganhando com os anos. A ideia é diminuir a resistência do ar e, com isso, a força contrária ao movimento e o consumo de combustível. Esses estudos começaram mesmo só em 1945, e só nos últimos anos é que o negócio avançou mesmo, com a utilização dos túneis de vento pra estudar o comportamento do carro. Os aerofólios, por exemplo, só foram ser usados em 1968, nos carros da Brabham, da Ferrari e da Lotus, pra literalmente segurar os carros na pista – em lá pro final dos anos 70 tornaram-se obrigatórios por medida de segurança. Agora, a forma cada um inventa uma...
Mas tem coisa que não dá certo, né? O chamado <<wing car>> surgiu por ideia daquele mesmo Chapman da Lotus, em 1975, que percebeu que o mesmo efeito conseguido pelos aerofólios (de manter o carro no chão) poderia ser conseguido se o formato da carroceria fosse de uma asa invertida. O que ele fez? Abaixou o chassi e colocou o que eles chamaram de saias na base, de modo a canalizar o ar. Assim, à medida que a corrente de ar de acelera por baixo do carro, há uma queda de pressão que cria um efeito de aspiração. Com o carro colado no chão, o piloto pode fazer curvas em velocidades maiores. O único problema é que se esse efeito sumir, o carro corre o risco de decolar! E foi isso que causou a morte de Gilles Villeneuve em 1982 e acabou por proibir as tais saias.
Bom, mas de nada adianta tudo isso se o motor não for bom! A primeira ideia pra se melhorar os motores é, logicamente, aumentar o número de cilindros – com o pequeno inconveniente do aumento no volume do motor e do carro! Uma das maiores inovações, acredite, foi colocar o motor atrás do carro! Isso lá pelos anos 50 foi um baita de um avanço, pois aumentou a maleabilidade e permitiu uma melhoria também de aerodinâmica. Mas a pesquisa continua (e a briga dos fornecedores também), na tentativa de melhorar o desempenho, seja através do controle eletrônico, utilização de outros metais ou materiais especiais para a construção, ou mesmo achando a melhor mistura de combustível.
E por mais que algumas temporadas tivessem nos mostrado que a máquina era o elemento mais importante, a F1 volta um pouco no tempo pra mostrar que o piloto ainda faz a diferença. E apesar de ganhar rios de dinheiro, eles sofrem! Quem é que nunca ouviu o Galvão falar da bendita força G? Puxa pra cá, empurra pra lá... torcicolo é o de menos! Some a isso o stress, a alta temperatura no cockpit, os efeitos que acelerações e freadas consecutivas podem ter no organismo, na visão... Só com um bom preparo físico. E pra desempenhar bem o trabalho, ainda bem que eles contam com muitos equipamentos: o que começou com um boné de couro e óculos se transformaram em um capacete rígido que protege toda a cabeça do piloto – o que só foi conseguido com greve e muita reclamação por parte dos pilotos.
Hall da Fama?
E já que falei em pilotos... o museu tem uma sessão especial de tributo àqueles que marcaram época no circuito de Spa. Fiquei bem feliz de ver o Senna lá! Seu rosto está lá estampado junto com um resumo do seu currículo: uma trajetória incrível no automobilismo. A última frase abaixo de sua foto inclusive diz que ele é talvez, o piloto mais audacioso de todo o automobilismo. #orgulho. E está lá, ao lado de Alain Prost, Michael Schumacher e Jackie Stewart.
Em outra sessão, voilà o Senna de novo, ressaltando o seu tricampeonato e suas 41 vitórias na carreira, ao lado do Rubinho, que fez em Spa-Francorchamps a sua corrida de número 300, que o colocou na história como o piloto com o maior número de corridas (como eterna fã e defensora do Rubinho, podia ficar aqui falando por horas, mas é melhor não perder o foco!). Lá pertinho, alguns pilotos da Ferrari, com o Massa sendo descrito como detentor de numerosas vitórias e poles #informaçãoútil.
Rubens Barrichello comemorou a marca de 300 GPs em Spa, onde conseguiu a primeira pole da carreira. Ayrton Senna, tricampeão mundial, é o segundo maior vencedor da pista, com 4 vitórias.
Ferraristas.
Só não falei mesmo do circuito, né? Que coisa! A gente começa a conhecer o circuito de carona com Emerson Fittipaldi #galvãofeelings. Através de uma volta gravada pelo Emerson em 2012, conhecemos cada trecho do circuito e descobrimos o nome de cada uma das suas curvas. Não achei o vídeo, mas esse daqui é bem legal pra conhecer a pista:
O circuito fica na região de Ardennes, a mais bela da Bélgica, e, apesar de ter ficado pronto em 1921 para a sua primeira corrida, só foi usado no ano seguinte – para aquela primeira corrida só houve um único carro inscrito! As 24 horas de Framcorchamps começaram lá em 1924 e em 1925 o circuito foi o palco do Gran Prix Europeu. Mas aí veio a guerra e o circuito ficou parado por um bom tempo. Voltou por volta de 1947 e em 1970 viu a última corrida de Fórmula 1 no circuito original. A pista com 14km era de alta velocidade e com o crescente desempenho dos carros, oferecia muito risco aos pilotos. A situação se tornou insustentável, com vários acidentes acontecendo e pilotos afirmando que não mais correriam aí e foi assim que o traçado original foi mudado. As partes mais perigosas do circuito foram removidas e em 1979, a pista com 7km foi então inaugurada. Mais técnica e oferecendo mais áreas limpas, a pista manteve características do traçado original, mas com mais segurança para os pilotos e mais appeal aos espectadores. E foi assim que o GP da Bélgica voltou a fazer parte do calendário da Fórmula 1 e colocando esse pedacinho de nada do país no mapa internacional.
Na impossibilidade de ver o circuito original, tenho que me contentar com a maquete.
INFORMAÇÕES ÚTEIS:
Nome do circuito:
Circuit de Spa-Francorchamps
Primeiro GP:
1950
Número de voltas:
44
Comprimento da pista:
7.004 km
Distância da corrida:
308.052 km
Record da pista:
1:47.263 - S Vettel (2009)
Maiores vencedores:
Número de vitórias
Piloto
Anos
6
ALE Michael Schumacher
1992,1995,1996,1997,2001,2002
5
BRA Ayrton Senna
1985,1988,1989,1990,1991
4
GBRJim Clark
1962,1963,1964,1965
FINKimi Räikkönen
2004,2005,2007,2009
3
ARGJuan Manuel Fangio
1950,1954,1955
GBRDamon Hill
1993,1994,1998
Pra terminar, um joguinho!
Eu de Barrichello na Ferrari! #atual
“Larguei em último, tive um problema ainda na largada e tive que fazer uma corrida de recuperação. Acho que o 4º lugar foi um bom resultado. Fiz muitas ultrapassagens por fora e poderia ter tido uma colocação melhor, não fossem alguns problemas no carro, que saía um pouco de frente e, como a área de escape nas curvas 2 e 7 era pequena, acabei na brita. Mas foi um bom resultado e mostra que temos condição de lutar por melhores posições”
Era dia 23 e eu não estava em
Abaeté. Não montei a árvore de Natal, como faço todos os anos. Nem fiz aquela
tradicional torta de biscoito champagne – nem inventei moda tentando colocar
abacaxi e coco.
Era dia 24 e não acordei ansiosa
pensando nos presentes que iria ganhar. E dar. Não senti aquela sensação de
felicidade ao acertar na escolha do presente. Nem aquela surpresa ao receber um
presente inusitado. Ou a alegria em receber aquilo que sabia que iria ganhar –
porque me contaram antes ou porque espiei antes da hora.
Era ainda dia 24 e não saí com
pressa e estressada em busca daquele presente que faltou. Não pensei na roupa
que usaria à noite nem atormentei a todos com isso. Não encontrei pessoas que
há exato um ano não via. Não saí de uma casa cheia de gente pra outra com
tantas outras. Não passei a meia-noite nessa segunda casa nem desejei Feliz
Natal a todos. Não voltei à primeira casa para agora desejar um Feliz Natal
àqueles que não estavam ao meu lado na passagem do dia 25. Não cheguei em
casa de madrugada nem dei um beijo de boa noite e desejei Feliz Natal às
pessoas que mais amo. Não fui dormir pensando no dia alegre que se passou nem
fiquei imaginando o almoço do dia seguinte.
Apesar de hoje ser dia 25, não é
Natal. Simplesmente porque não estou rodeada pela minha família. Porque foi
isso que me ensinaram que era o Natal. Família. Todos reunidos e com um único
sentimento: felicidade por estarmos juntos. Talvez só hoje, que não tenho isso,
seja plenamente capaz de dizer que esse é o espírito do Natal. O meu Natal, que
vivo desde muito pequena, dividida entre duas casas, amando cada uma delas de
um jeito especial.
Não é Natal, mas ainda assim, um
dia especial. Especial porque pessoas o fizeram assim: Rodrigo, Rafa Legal, Jú,
Klayton, Lorena, Ana, Adriana, Gabi e Matheus. Especial porque um simples
telefonema tem esse poder, de transformar uma noite comum, ou mesmo triste por
tantas coisas que não aconteceram, em inesquecível. Porque pessoas muito importantes
estão sempre comigo. Mãe, Pri e Bruno. Só de ouvir a voz de vocês, o mundo se
transforma. Lembranças vem à tona e transbordam os sentimentos.
Pode até não ser Natal, mas uma
coisa é certa: a distância não impede que nossa árvore de Natal seja montada,
que os presentes sejam distribuídos, ainda que em outras datas; não impede
reencontros nem que os votos de felicidades cheguem àqueles que amamos. Impede beijos e abraços, sim. Olhos nos olhos. Mas esses logo virão!
Pois é, alarme falso de novo. Que
o próximo engraçadinho que decidir acabar de novo com o mundo planeje isso para
um dia far far away from today!
Porque vamos combinar: coisinha chata essa de fim do mundo!
Fico me perguntando se os belgas
estavam esperando o apocalipse assim como nós, brazucas. Fiquei bem chocada na
verdade na semana em que estava no Brasil de ver todos os programas de TV
(entenda-se Globo) falando do fim do mundo. Fazendo piadas ou não, era o que eu
mais via (Ok, com tantas celebrações de formatura não parei muito em casa pra
acompanhar a programação – mas assisti à propaganda de final de ano!).
Mas eu quase acreditei que ia
acabar mesmo – ou torci pra isso, depois que tudo estava dando errado ontem: Acco
fechada, ninguém no Departamento de Engenharia Química quando eu precisava, nem
convites disponíveis para o Tour do Town Hall (dá licença, quero ser turista na
minha própria cidade!). E a ‘belgaiada’ toda sumiu da cidade: todo mundo de
volta pra suas cidades pra passar o fim do ano. #inveja
#belgianfacts: Ao invés de lhe
desejarem Feliz Natal, eles lhe desejam sorte nos exames.
Sério mesmo??? Fiquei chocada
quando comecei a reparar nisso. Até o prof de esgrima desejou sorte nos exames
no meu último dia de aula. Pergunto-me se essa é a maneira belga de desejar um
Feliz Ano Novo. Pessoal neurado esse. Já passam todas as aulas anotando até a
hora em que o professor espirrou e se bobear vão passar a véspera de Natal
estudando. Nessas horas é que bate saudade da UFMG! Não é que a gente não leve
as coisas a sério. Não. A gente só sabe a medida certa!
Já que falei de Natal (tenho a
impressão de que esse post não segue nenhuma linha de raciocínio lógica), me
deixa contar como está Leuven em clima natalino. Linda, eu diria! Melhor só se
tivesse neve. Mas, infelizmente, não há previsão de nevar por aqui. Pelo
contrário: a temperatura desde que cheguei só tem aumentado – amanhã mesmo tem
previsão de 14 graus! #verãonaBélgica. Segundo me disse o coleguinha Jan, na
minha aula de italiano, neve é um evento que a gente só vê de 10 em 10 anos
aqui. #temquetersorte
Na falta de neve, me contento com
a decoração da cidade para o Natal. Luzes, claro! E ainda tem feira de Natal, uma tradição aqui em Leuven desde 1987,
que me lembra as quermesses no Brasil: um bando da barraquinhas, músicas,
comida e quentão!! Haha! Vinho quente, com ou sem gengibre. #QuaseFestaJunina
#SóQueNão
E as barraquinhas têm de tudo:
roupas, luvas, cachecóis, sapatos, chapéus, brinquedos artesanais (o Gui quer
comprar uma espada de madeira), objetos de decoração natalina (eu quero comprar
todos), coisas estranhas, comida e cerveja, claro! E um monte de belgas
andando, tropeçando e empurrando você. #PareceExposição. Mas é bem legal. Esse
pessoal só tem que aprender que 22h é madrugada ainda, não é hora de fechar
tudo!
Leuvense Kerstmarkt
Oude Markt
Sint Pieterskerk
Stadhuis
Hoje é dia 22... se estivesse no
Brasil já teria ido pra Abaeté e estaria andando pelas lojas procurando
presentes com a minha mãe ou visitando parentes... Preparando a torta especial
de fim de ano e montando a nossa árvore de Natal! Só espero que alguém a monte,
pra manter a tradição. #IndiretaDireta!
Oxe...
quem diria! Já são 4 meses fora de casa! O certo, na verdade, seria descontar uma
semana, já que tive o prazer de voltar ao Brasil mesmo que só por uma semana.
E, posso falar? Eu amo o meu país! Sair de ônibus pelas ruas logo no meu
primeiro dia de volta foi fantástico! De shorts e havaianas, claro, pra mostrar
que era turista!
Mas só
posso dizer que sentir novamente aquele calor, reencontrar a família e meus
amigos só me fez ter mais certeza de que seis meses fora é tempo mais do que
suficiente! Não me entendam mal: gosto muito de Leuven e particularmente das
pessoas que estão aqui comigo (minha família belga!), mas é como se estivesse
de férias, vivendo um sonho... e eu preciso de um pouco de realidade! Voltar a
ter aquela correria do dia a dia, sem tempo pra fazer nada, dormindo pouco...
ahhh!
Já são
quatro meses aqui... Cheguei, viajei, tive aulas (que, by the way, estão no
fim) e já é Natal! Eu sou uma eterna apaixonada por essa época do ano: adoro a
decoração, gosto das músicas... de todo o clima que esse dia traz. Porque
também não é só um dia, né? Um mês pelo menos! E pela primeira vez vou passar o
Natal como nos filmes que sempre via na Sessão da Tarde e entender porque Papai
Noel se veste com tantas roupas! Infelizmente, vou ter que me contentar só com
o frio, já que a neve pelo visto não vai dar as caras por aqui.
Passar
esses dias longe da família vai ser o mais difícil... pensar que não vou
enfrentar aqueles shoppings lotados de BH pra comprar presente, não vou estar
lá pra organizar o amigo oculto do Teco nem pra participar do não-tradicional
amigo oculto mimimi-nerd... não montarei a minha árvore de Natal em Abaeté nem
reencontrarei toda a minha família – muitos deles que só vejo nessa época. É
triste, mas pelo menos tenho o consolo de 12 pessoas que se tornaram especiais
pra mim (ou deveria dizer 14?!)
Amigo oculto! Os 13 + Gabi (a do Matheux) + Bart + Morgana + Polar!
Praia vazia, com chuva e
temperatura máxima de 4 graus. Mineiro que é mineiro não recusa um convite
desses. E foi por causa da praia que eu fui parar em Oostende, no norte da
Bélgica. Veja bem, praia me lembra o nordeste, então comece já a ler este post com
sotaque baiano. E fica muito mais fácil quando a gente diz Oostende... Soa
quase como oxente!
Porque frio é para os fracos!
Tinha um barco na frente da igreja!
Se me perguntarem se gostei da
praia, como boa mineira que adora ver o mar, não direi o contrário. Advinha de
quem foi a ideia de ir pra lá, mesmo sabendo das baixas temperaturas e de uma
previsão de ventos de 80km/h? Da mesma pessoa que ficou agachada durante uma
tempestade de areia catando conchinhas na areia. Da mesma pessoa que resolveu
tirar o sapato e molhar os pés nas águas do mar do norte. Ideia de ‘girico’, eu
sei. Assim que tirei a bota e botei o pé na areia, senti o frio subindo pelos
meus ossos e me arrependi amargamente do feito - mas claro que não disse isso
pra ninguém, tenho que manter a pose de forte. Saí pulando, porque no ar os
meus pés ficavam menos congelados do que pisando naquela areia.
Geruza desfocando um grão de areia. Menina artista.
O pulo do gato...
Peguei a minha canga importada do
Rio (sim, eu trouxe trajes de praia para o frio europeu) e saímos correndo para
o mar. E se eu tinha uma alma, ela saiu congelada de lá! Saímos mais que
depressa da água pra colocar de volta os sapatos. E quem disse que a areia
desgrudava do pé? Na pressa de impedir que os nossos pobres dedos congelassem,
colocamos os sapatos com areia e tudo. Acho que vocês podem imaginar como foi
agradável passar o resto do dia com areia no sapato (e na bolsa, porque o Matheux
a deixou aberta na areia e o vento tava meio forte...).
Corre pra água!
Sai que tá frio!!! (Reparem na moda praia)
Depois da praia a gente foi comer. Um
sacrifício pra escolher um lugar, e quando decidimos, uma senhora muito educada
me disse: " tá cheio, vocês não estão vendo?". Adoro gente assim. E,
assim, terminamos por almoçar no Pizza Hut e fomos passear pelas lojas da
cidade. Como não sabíamos o que tinha lá além da praia, continuamos andando,
até que o Klayton avistou uma igreja. Ponto turístico, oba! #soquenao. Era um
shopping. (religioso esse menino...)
Caminhando um pouco mais, chegamos
ao Leopold Park. Muito bonito, por sinal (apesar de já ter escurecido às 5 da
tarde). Fotos, fotos e mais fotos.
Gabi tentando ser artista... dessa vez não deu.
Tava tarde, né?
Pra mostrar pra Geruza que eu também sei desfocar
ohhh...
Caminhada segue e chegamos perto de um
porto, cais, sei lá o que. Um lugar onde tinha um monte de barco estacionado.
Um dia meu barco vai ficar ancorado aí.
Caminhando em direção à estação, voilà uma igreja de verdade! (a mesma que estava atrás do barco no início do post)
Igreja de São Paulo. Essa foto ficou meio macabra.
Um pouco mais de luz?!
Oostende. Taí, gostei. Apesar de hoje não ser uma cidade importante na Bélgica, ela já teve os seus dias de glória, servindo como um porto alternativo quando a cidade de Antwerpe foi tomada pelos holandeses, em 1722. Hoje, com o porto de Calais logo ali ao lado, já não tem mais tanta relevância. Mas o mesmo motivo que a tornou importante - sua posição estratégica no Mar do Norte -, também foi a causa de muita destruição ao longo dos séculos, com inúmeras invasões que devastaram e saquearam a cidade.
Colocando a história de lado, no fim, acho que os belgas não se importam muito com essa praia.
Como diria o Bart, o aquecimento global e o aumento do nível dos oceanos pode
acabar com a praia de Oostende, mas não tem problema, porque ela é ruim mesmo!
#bartbemhumorado
Aproveitando as muitas horas de voo
pra botar o blog em dia.
Hora de falar de Waterloo. O nome lhe
vem à memória? Espero que sim, pois foi aí que Napoleão perdeu as botas - e a
guerra!
Fiquei sabendo Waterloo ficava na
Bélgica no dia em que fui pra Paris e o nosso guia acordou a gente pra falar
que estávamos passando por lá. E bem pertinho de Bruxelas – o que significava
que quando me desse na telha iria pra lá. Pois muito bem, eu fui! Com a Laís e com
o Pedro. Êta viagem divertida e cheia de história... O Pedro chegou perguntando
por que todo mundo estava contra o Napoleão... acho que depois dessa viagem ele
entendeu porque!
Não me perguntem sobre a cidade, não
posso dizer muito: fomos no domingo e, se a cidade em si não tem nada, nesse
dia é ainda pior...
Chegamos debaixo de chuva e com
fome. Não foi à toa que nossa primeira parada foi numa padaria chique, onde o
Pedro comprou uma espécie de panetone - que comemos na frente da igreja, numa
imitação barata da santa ceia.
Igreja de St. Joseph, vista da janela do Museu de Wellington.
Nada demais...
Homenagem aos soldados.
A igreja de St Joseph, aliás, domina
a paisagem nessa região, com o seu domo verde - apesar de não ter nada de mais
por dentro. Ok, tem sim: uma homenagem curiosa aos exércitos britânicos. Por quê?
Keep reading and you'll find out!
A verdade é que a cidade respira e
vive à custa da história da batalha de Waterloo. Não que isso seja ruim. Por si
só já é mais do que motivo pra eu querer conhecer a cidade - e ainda passei o
dia todo lá, imersa na história de Napoleão. Não toda a história, claro, apenas
os acontecimentos pós-fuga da ilha de Elba.
Nossa segunda parada foi o museu de
Wellington. E a pergunta que não queria calar: quem era Wellington? Nada mais
nada menos que o homem que destruiu Napoleão. Pouca coisa, né? O duque foi quem
liderou os exércitos britânicos na batalha e depois da vitória ficou super
importante na terra da rainha. Não é pra menos... Napoleão não era qualquer
louco que queria dominar o mundo. Vide o que fez na Europa no seu auge... Só
não conseguiu pegar o nosso nobre Dom João VI. E eu que achava que ele tinha
fugido com o rabinho entre as pernas pro Brasil. Que nada, esse cara é que foi
esperto. Quero ver Napoleão dominar Portugal com todo o reino no outro lado do
oceano!
Museu de Wellington
Nosso amigo Wellington.
Mas voltando ao museu, ele é cheio
de objetos da época, maquetes e reproduções da batalha. Tem uma sala dedicada a
cada uma das nações envolvidas na batalha de Waterloo. É interessante ver aí o
papel que cada um teve na guerra e como as coisas funcionavam em cada país. Na
França, por exemplo, se o caboclo quisesse sair dooexercito e assistir à guerra
de casa ele podia - depois que roubasse as joias da coroa pra pagar pela sua
'liberdade'. E a gente sai do museu sabendo tudo da batalha. De verdade, a
gente sabe o que acontece minuto a minuto!!!
Depois do museu e de uma parada
rápida no Quick, fomos para onde realmente se concentram as atrações turísticas
de Waterloo: no campo de batalha - ou de batata, como diria a Laís!
Obra de arte. (a foto!)
É só descer do ônibus que a gente
já vê aquele 'montinho de terra' que é o símbolo de Waterloo. Mas antes de
subi-lo, uma passada pela encantadora loja de souvenirs (eu queria comprar
tudo, sou compulsiva por souvenirs) e uma exibição de dois filmes: um
documentário sobre a batalha, que explica muito bem o comportamento dos exércitos
e as estratégias adotadas pelos seus comandantes, e um trecho do filme Waterloo,
de 1970.
Saindo do filme, bora subir no
monte - Butte du Lion (Estamos na Valônia, então bora falar francês). E a gente achando que era só uma escadinha... Ilusão!!! No
meio a Laís já queria desistir! Vergonha viu, depois subiu um grupo de
velhinhos no pique! E eram só 43 metros, de puro solo do campo de batalha.
O topo do mundo.
A Prússia veio dalí oh!
A turma que deixou a Laís no chinelo!
A vista que se tem lá de cima é
fantástica! Dá até pra imaginar todos os eventos, de onde veio cada um dos
exércitos, onde lutaram... E o leão que fica no topo é uma homenagem ao Prince of Orange, William II, príncipe da
Holanda, que morreu em combate - e acaba sendo o símbolo da vitória das nações
aliadas. E pesa míseras 28 toneladas.
Saindo de lá, cá estamos, de volta
à loja de souvenirs, que, pra variar, me deixou mais pobre. Próxima parada: Panorama.
Como o próprio nome já nos faz deduzir, tem uma pintura imensa (panorâmica!) da
batalha. O mais incrível é o realismo da pintura, feita por Louis Dumoulin numa circunferência de 110 metros! E pra completar o realismo,
o som ambiente reproduz uma batalha de verdade.
Panorama.
Panorâmica... mas só um quinto da original.
Quase na hora de fechar tudo (quase
5h da tarde), fomos ao museu de cera, onde aprendemos um pouco mais sobre a
vida dos principais personagens da guerra e dos bastidores. E o que pudemos
concluir com tudo o que vimos lá?
Wellington
foi o cara
A Prússia
salvou a guerra – e como diria o Pedro, nunca poderemos ter um cartão
postal de lá!
Dom
João é que foi esperto.
Um príncipe
mais novo do que eu já tinha ido pra batalha e se tornado herói (mas
morreu cedo...).
E... quem diria! Foi
um velhinho comandando os prussianos que virou o jogo e despachou Napoleão pra
ilha de Santa Helena, junto com o nosso camarada Wellington.