sábado, 16 de fevereiro de 2013

#TotZiens


Seis meses? Essa foi a pergunta que eu sempre me fiz desde que decidi encarar essa viagem. Será que é pouco tempo? Será tempo demais? Tanto tempo pra se acostumar à nova vida e, quando finalmente conseguimos, já é hora de refazer as malas e se desapegar daquilo que começou a gostar.

No fim, acho que foi o tempo exato. Vivi e curti o máximo que pude e saí de Leuven e da Bélgica com uma ótima imagem: de um país estranho, curioso, inusitado e cativante, de pessoas diferentes, mais distantes, mas, a seu modo, receptivas e educadas (ok, menos os coleguinhas de classe que não deram muita bola pra gente), e com uma enorme bagagem de cultura, conhecimento e amizades.

Não foram raras as vezes em que agradeci às pessoas do CSF Leuven por me ajudarem a passar muito bem por esse período, longe da famosa zona de conforto #clichê. Mas a verdade é que por mais que eu hoje esteja feliz por voltar pra casa, é muito difícil dizer tchau às pessoas que fizeram desses meus últimos seis meses tão especiais e intensos. Ok, muitos conseguiram me irritar e deixar o meu mau humor mais aflorado. E, no fundo, acho que ninguém mais me dava moral e achava que eu era uma pessoa má... #será?

Apesar dos pesares, vou ter sempre uma lembrança de cada um de vocês: da Laís, tipo 8 que me irritava por gritar com o computador, mas que se tornou minha companheira de viagens, do episódio de friends na hora das refeições que e foi a pessoa com quem eu vi neve pela primeira vez; da Ju e seu eterno estado de carência, chamando todo mundo pra dormir com ela e perguntando se podia contar alguma coisa e contando mesmo que a gente dissesse que não; da Elise que enganou todo mundo com uma imagem de organizada, mas que por mim será sempre lembrada como a nossa líder na primeira semana, que queria resolver todos os pepinos; do Gui, que acompanhava o ritmo da Elise no início, mas que depois se revelou um tipo mais ‘relaxado’ e que me ensinou tudo o que eu sei sobre cervejas feitas em ‘monges’ e com fermentação espontânea, envelhecidas em barris de carvalho...; do Rafa chato, que passou por altos e baixos comigo, mas que sempre foi o meu companheiro de bullying e defensor do melhor estado do Brasil; do Rafa Legal, que por mais que tenha passado mais tempo em Amsterdam do que entre nós, sempre que aparecia, nos lembrava de porque era chamado de legal; da Tati e seu jeito difícil: hora de estudar é hora de estudar! Nunca vou me esquecer do dia em que dormi com você e fiquei com 1/3 da cama – mas com o edredon, porque desse eu não abro mão – nem do sanduíche do subway, que me fez passar de pessoa blasé para uma potencialmente legal; do Pedro e da sua paixão pela Disney, pelo Brasil, pela Neve, pelas iCoisas, pelo vinho do porto, pelo feijão tropeiro... por tudo! Um companheiro de viagem que me fazia rir muito, assim como o Rodrigo. Sempre que ver um preço bom eu vou pensar ‘baratinho’ e lembrar dele. Ou todas as vezes que comprar uma roupa azul. Mas nada melhor do que lembrar das pérolas que soltava, como a cerveja feita no monge ou o recente camelo Alpino. E já que falei de viagens, não posso esquecer do Klayton e da Geruza, que eram fáceis! Toda vez que eu queria sair era só falar com os dois que topavam largar o que quer que fosse (principalmente estudos) pra ir junto. Sem falar dos esportes, com a gente se matando nas aulas de esgrima, taekwondo, judô, tênis... e falta o Matheuxx, porra! Cara, o único carioca que não me irrita, caralho. Meu assessor de eventos, que todo dia chamava pra festa e chegava com um amigo internacional novo. Nem há como esquecer da nossa teacher de inglês se esforçando pra falar Matheuxxx? Impossível, indeed.

Cada um ao seu modo, cada um ao seu tempo... aqui fica o meu agradecimento pela amizade e pelos bons momentos passados juntos, seja no 3.19, no telhado ou nos trens! Na minha mesa ficou o meu testamento, com algumas das minhas tralhas que não couberam na mala: uma forma de vocês não se esquecerem de mim!

Mas será esse o fim do blog? Talvez sim, talvez não. Espero ter tempo ainda de falar sobre o Marrocos. Inshalláh. E das coisas curiosas que descobri na Bélgica.

Mas vamos dizer que esse seja o post final do blog. Le Passepartout: Passepartout, pra quem não sabe, era o criado de Phileas Fogg, recém contratado quando o seu patrão decidiu aceitar o desafio e dar a volta ao mundo em 80 dias. É de Jules Verne, do livro "A Volta ao Mundo em 80 Dias", o trecho que sempre ficou estampado na capa do blog e que motivou o início dessa jornada e é dele também o trecho que a encerra:
"Au fond je crois que la terre est ronde, pour une seule bonne raison, après avoir fait le tour du monde, tous ce qu'on veut c'est être à la maison..."
Sim, a gente descobre que a Terra é realmente redonda quando depois de viajar milhas e milhas, o que você mais quer é voltar pra casa!

Tot Ziens.
Au revoir.
Arrivederci.
Adios.
CYA.
#partiu

You may say goodbye, but I say hello! =)

domingo, 3 de fevereiro de 2013

#WeAreOHL


O que eu queria mesmo era estar hoje reinauguração do Mineirão e assistir ao clássico. Mas, na impossibilidade de estar lá, fui afogar as mágoas assistindo um jogo da liga belga. Pro Jupiler League: Oud-Heverlee Leuven X S.C. Charleroi (cidade que a gente só conhece porque é a base de operações da Ryanair aqui na Bélgica).

A verdade é que desde que cheguei aqui pensei em ir assistir a algum jogo de futebol, mas jogo bom ou é muito, muito caro, ou está esgotado há muitos, muitos meses. Minha única alternativa foi, então, ver um jogo do OHL. No final das contas, deixou de ser apenas uma última opção: eu queria realmente ver um jogo deles porque a cidade sempre fica movimentada em dias de jogos, com gente feliz andando com cachecóis e bandeiras do time e é muito bonito ver o estádio todo iluminado do meu telhado e ouvir o barulho da torcida.

E lá fomos nós: Eu, Tati, Júlia, Elise e Mathias (irmão da Elise, nerd também!). Comprei os ingressos de manhã com uma dor no coração (afinal, foram 15 euros pra ficar em pé) e saí correndo pra ir viajar. 

(essa parte é um detalhe que eu não queria deixar passar despercebido)
Fui pra Poperinge com o Pedro, Klayton, Rafa Legal, Geruza e boyfriend, uma cidade longe pra burro e que me fez pensar que a Bélgica era bem maior do que eu pensava – foram 3 horas de trem pra chegar lá, em West Flanders, bem na fronteira com a França, numa cidade que é menor que Abaeté. O que eu fui fazer lá? Conhecer a melhor cerveja do mundo, fabricada em um mosteiro (ou como diria o Rodrigo, dentro do Monge) e que só é vendida lá e com várias restrições chatas. Mas eu não bebo cerveja, né? Fui lá só pela curiosidade e pra tentar comprar uma garrafinha pra levar pra Priscila (apaixonou com as cervejas belgas). Mas, pelo menos pra mim, a viagem foi perdida. Chegando lá, umas 14h, ligamos para o moço do ônibus que faz o transporte até o lugar, mas descobrimos que é preciso reservar com 2h de antecedência. Pra completar nossa falta de sorte, não tem taxi na cidade: a mulher pra quem a gente perguntou riu na nossa cara quando perguntamos onde dava pra pegar um. Resultado: eu, que não podia demorar muito porque tinha que pegar minhas 3h de trem e chegar a tempo do jogo, fiquei vagando e conhecendo igrejas na cidade, enquanto os outros foram andando 8km até o bendito lugar... Aposto que tudo foi praga do Gui, que ficou atiçando a gente por 5 meses pra ir lá e na última hora não foi.





Igrejas pelo caminho e um bar legal.

Depois desse pequeno relato sobre minha viagem frustrada, bora falar do jogo. Ou melhor, da pelada!!! Passamos o primeiro tempo todo rindo dos times, que não tinham nenhum esquema tático e que em toda cobrança de escanteio TODOS os jogadores ficavam dentro da grande área (que não era grande, porque o campo era minúsculo!), sem nem uma chancezinha de contra-ataque.

Gente, o Biro-Biro joga no Charleroi! Detalhe para o detalhe de zebra na camisa laranja-marca-texto do time.


Depois de um péssimo primeiro tempo, passamos o ‘show do intervalo’ na fila pra comprar um curryworst, que não tinha curry. Voltamos para o estádio e terminamos de comer numa sala fechada, mas que dava pra ver todo o campo e bem na hora em que decidimos virar pra voltar pro meio da galera, a gente perde o momento ápice do jogo: o gol! Brincadeira, né? Mas depois disso o jogo até melhorou. Descobri que o craque do time era o Tchutchuca Chuka e que tinha um tal de Kenny que era realmente muito bom. Deu vários dribles na nossa frente e que conseguiu ocupar todas as posições dentro de campo! Descobri depois que ele era zagueiro.  

Momento merchan: Begijnhof Hotel.


No fim, o OHL, depois de 11 rodadas sem vencer, surpreendeu a todos com uma apertada vitória por 1x0 e se mantém na décima posição. E, posso falar? A torcida me fez gostar muito do time. Quando não tiver jogo do Galo vou procurar um jogo deles pra assistir e cantar C’mon, C’mon Leuven! 

Souvenir!!! Meu novo cachecol: WE ARE OHL! =D

E essa é a música que embala a torcida do OHL: Sweeeeet Caroline! OH OH OHH!!



sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

#DogDaysAreOver

Reconhecem?



Foi ao som dessa música que em dezembro eu recebi o meu falso diploma. Mal sabia eu que muitos outros dias de cão estavam por vir. Ou melhor, um mês inteiro. Mas, finalmente, já no final dessa sexta-feira, primeiro dia de fevereiro, posso dizer: THE DOG DAYS ARE OVER!

Ao longo de 4 semanas, foram 7 provas orais, com 6 professores diferentes, 4 encontros com o Bart (a matemática não bate?!), muitos coleguinhas belgas de terno e gravata e uma nova coleção de souvenirs na minha parede: Comprovantes de prova. Para quem sabe da minha paixão por souvenirs, isso é uma prova irrefutável de como janeiro não foi um mês legal.

O estado da minha mesa depois de janeiro. Na parede, meus troféus! #sóquenão


Mas, entre mortos e feridos, eu SOBREVIVI. Não fiz as melhores provas da minha vida, mas saí delas com a consciência de que não tive de parar de viver e comer como os belgas fizeram, com um elogio à minha caligrafia e tendo feito o Bart rir, me dizer que era uma pena eu já estar indo embora e se oferecendo pra me ajudar com qualquer coisa que eu precisar! #tãofofinho (será que ele me dá emprego?)

E agora é hora de tirar o atraso! Conhecer o que ainda for possível na Bélgica e mergulhar no mundo da Jade! O Marrocos que se prepare, estou indo com tudo! Depois de ser tratada como um camelo, sacrificada como um carneiro e de ser pisada como um tapetinho, vou fazer exposição da minha figura pela Medina! E que Alah me perdoe por cometer um haram: Jogarei minha sorte ao vento, serei como uma dessas odaliscas espetaculosas sem medo de arder no Mármore do Inferno. E quem sabe ainda não encontre por lá um marido rico pra me dar muito ouro, inshallah!

Assalamu Alaikum.


Palavras do sábio Tio Ali:
"Tudo que acontece uma vez, pode não acontecer mais, mas tudo que acontece duas vezes vai acontecer uma terceira."