domingo, 18 de novembro de 2012

#CineLeuven

Eis que no primeiro sábado que passo em Leuven depois de alguns meses (ressalto que fiquei aqui contra a minha vontade), faço uma coisa que há muito me fazia falta: ir ao cinema! Não era a minha primeira opção de programa, mas como só descobrimos à noite que os ingressos para os jogos de futebol não são vendidos na hora na bilheteria, perdemos o jogão do Oud-Heverlee.

Em troca, ganhei a chance de ir assistir 007! A maior parte do pessoal deu a desculpa de que não podia ir porque tinha que estudar (aposto que estavam de bobeira na net), mas a Laís resolveu me acompanhar! Essa aí ta surpreendendo!

Chegando no cinema (correndo, porque a gente estava atrasada), descobrimos que, não só não tinha mais ingressos pra sessão de 20h30, como também não pagávamos meia entrada, pois não tínhamos o cartão de estudante do cinema. E depois falam mal do Brasil... paguei 10 euros, mas tudo bem. Tô indo no cinema!

Como a sessão era só às 22h e o cinema era longe (perto da estação, uma longa caminhada), resolvemos ficar pelas redondezas. Fomos fazendo o caminho inverso, olhando vitrines novamente e decidimos comer no Quick. Primeira mancada da noite: Estávamos eu e a Laís na fila e eu comento com ela: “Laís, olha o sorvete da colega”. Laís dá aquela olhada ‘discreta’ e ainda comenta “Hum, tô invejando esse sorvete”. E a gente só ouve: “Brasileiras?”. Minha cara foi no chão. A Laís, como a simpática da dupla diz: “Oh, vocês também, que legal”. Papo vai papo vem, aqueles comentários de sempre de “vocês são de onde” ou “há quanto tempo estão aqui”, a carioca loura falsa vira e diz: “é, a gente tem que tomar cuidado com o que fala aqui”. Toma!

Segunda mancada da noite: depois de comer e de rever todas as vitrines do caminho, reclamamos que no Brasil pelo menos tinha lugar marcado no cinema. Entramos na sala, escolhemos bem o lugar (seguindo os princípios de acústica e correntes de ar do Sheldon) e estamos lá jogando conversa fora, quando me aparecem dois belgas falando em dutch e mostrando os ingressos. Suspeitei que eles disseram que aqueles eram os lugares deles. Saímos e sentamos em outro lugar, quando o tico e o teco resolvem funcionar: será que tem lugar marcado? Olhamos para os nossos ingressos e voilà! Saímos do lugar e fomos procurar a nossa fila. Quando estamos na metade dela, descobrimos que era do outro lado, e lá vamos nós de volta... Chegamos enfim nos lugares certos. Não antes de incomodarmos várias pessoas pra deixarem a gente passar e de atrair os olhares de todos para as duas ‘provavelmente espanholas’ que nunca foram ao cinema. 
Hora de relaxar! Até que a Laís vira e diz: “Cadê o meu cachecol???”. E não é que ela perdeu no meio da nossa baldeação pelo cinema? Terceira mancada da noite! Coitada, ela passou dias tricotando!

O importante é que depois de uma meia hora de comerciais, de um filme bacana legendado em francês e em dutch, conseguimos achar o cachecol e fomos embora felizes, às 0h30, na chuva, pelas ruas de Leuven. Que venham os próximos filmes! Quiçá daremos menos manotas das próximas vezes!

Trailer de "O Hobbit". Esse eu assisto nem que tenha que aprender dutch!



quinta-feira, 15 de novembro de 2012

#halfway



Sim, chegamos ao meio da jornada... E não é que a gente vai se acostumando com as coisas aqui? Com o frio, com as ruas cheias de folhas, com as calças coloridas dos belgas, com a batata frita, com as pessoas que pensam que eu moro na floresta ou falo espanhol, com os atrasos do Bart... Um mundo diferente, mas não por isso ruim.

O melhor desses últimos 30 dias foi finalmente ter uma rotina. Aulas e mais aulas. Exagero meu. A quantidade de aulas aqui ainda está longe de ser como o que eu tinha no Brasil. Pra compensar tanto ócio, esportes! Nunca antes na história da minha vida eu fiz tanto esporte. No máximo algumas caminhadas, vez ou outra, quando me dava na telha. E acho que tentei compensar fazendo tudo o que podia: Esgrima, Spelunking, Judô, Taekwondo, Vôlei, Tênis... Da Capoeira eu desisti. Por bons motivos: 1. Não sei fazer estrela nem nenhuma daquelas estripulias – sou inclusive pior que os belgas; 2. Chego cansada depois de um dia com duas modalidades de luta e fico quebrada pra esgrima no dia seguinte; 3. Por que diabos eu tô fazendo capoeira na Bélgica e não no Brasil?!!! Capoeira de lado, o resto ainda continua na programação semanal. Em alguns a gente até vai melhorando... já em outros.... o tênis que o diga. Isso que dá ser autodidata! O importante é que a gente passa frio, faz tudo errado, mas se diverte, não é Klayton e Geruza? A parte ruim é que hoje descobrimos que até abril, quase todas as quadras estarão indisponíveis – winter season. Com’on!!! Os belgas estão dando o braço a torcer pro frio? Eu quero jogar! (Nessa brincadeira já tem gente achando que eu larguei a Engenharia Química e fui fazer Educação Física! Aos mais esperançosos: Não. Ainda não!)

90 dias. E aulas, esportes... ainda tem o italiano, uma palavrinha nova de dutch a cada dia... e viagens. Aliás, como é bom ser turista! Melhor que isso, só se fosse historiadora! Sério, a cada viagem aprendo mais e fico cada vez mais apaixonada por história: lembrando-me de coisas que um dia já soube, descobrindo outras novas, ‘experimentando’ lugares, vivenciando momentos... Com pessoas especiais! Devo agradecer à Priscilinha pela sua companhia nesses últimos 30 dias. Saber que estavas por perto, a menos de 250 km, já me fez sentir bem. Em casa.

Essa não precisa de legenda... é só olhar minha expressão!


90 dias. E daqui a duas semanas, uma transformação. Um ciclo fechado. Um caminho percorrido. Reencontros. Nostalgia. Separações. Será que a volta será diferente? 

domingo, 11 de novembro de 2012

#MaastrichtPart2

Como a preguiça de caminhar da estação até nossa casa nos levou até a Valônia


Contrariando toda a ordem cronológica do meu blog, vou começar os meus relatos pela volta de Maastricht. (Se quer saber como foi à viagem, espere pelo post #MaastrichtPart1).

Vou começar pela nossa espera pelo último ônibus de volta pra Hasselt. Depois de perder o ônibus das 18h e de uma grata surpresa pelo atraso (no próximo post saberás do que estou falando), fomos para o ponto esperar sentadas por 30 min. Ok, pelo menos estávamos sentadas (By the way, eu estava com a Laís!). Até que me aparece um sujeito estranho, que senta do meu lado e começa a falar com a gente. Não entendemos nada. Aí ele diz: “You don’t speak English” “Yes, we do” (ele que parecia não conseguir falar nada direito). Papo vai, papo vem, ele disse que também estava indo pra Hasselt, que morava lá, acho que falou alguma coisa do frio, que não gostava de ônibus, que não gostava de esperar...  e mais um monte que não entendemos. E eis que, de repente, puxa um cigarro. De maconha, claro. “You don’t smoke?” “No” “Oh, you are like... how do you say, the opposite of sick (…). You don’t smoke, you don’t drink, you don’t fuck”.  A Laís, bem ao estilo tipo 8, vai e diz “Yes, we study”. Ele ficou quieto do lado dele, fumando, e nós saímos de perto, esperando o ônibus.

Aí a gente pensa, né: já temos uma história pra contar! Que nada... o melhor ainda estava por vir! Chegamos na estação de Hasselt, olhamos para os horários de trem e vimos um pra Bruges... saindo em dois minutos. Correria pra pegar o trem... e conseguimos. Laís encantada com o trem de dois andares, chique. No meio da viagem, sobem uns bêbados e do nada começa a tocar uma música alta. Laís diz: “E eu que achei que esse tipo de coisa só acontecia no Brasil”. Não minha cara, Laís, gente sem noção existe em todo lugar.

Mas essa foi a parte normal da viagem. Chegamos na estação de Leuven e quem disse que a gente teve coragem de sair na andando na chuva até nossa casa? “Vamos de ônibus?” “Mas você sabe qual, Gabi” “Eu tirei uma foto do ponto perto de casa! (menina esperta). Todos esses passam”. Incluindo o 337, que foi o que pegamos.

Todos os ônibus que passam perto de casa.

O primeiro esboço de reação assustada da Laís veio logo quando o ônibus saiu da estação e não virou na Bondgenotenlaan. “Ah, ele deve seguir pelo anel”. E seguiu. Chegando no sinal da Naamse poort, a Laís vira e diz: “Nó, imagina se ele vira à esquerda aqui”. Oh boca maldita!! “Será que a gente desce?” “Ah, ele deve passar por Heverlee e voltar” “Ah, então tá bom”. E como a gente não estava com pressa, não nos importamos. E o ônibus seguiu em frente. Em frente. Em frente. E não virava pra trás. E eu só via a cara de preocupada da Laís. O ônibus ia ficando vazio... E lá vem a Laís: “Imagina se a gente vai parar em outra cidade”. Boca maldita 2!!! Saímos dos domínios de Heverlee. Mas ok, ainda estávamos no Oud-Heverlee. Só que as casas começaram a desaparecer. Estávamos nas estradas belgas em regiões inabitadas (meaning: um conjuntinho de casas a cada quilômetro). “Gabi, você não acha melhor perguntar pro motorista?” E lá vai a Gabi... 

“Excuse-me, I think we took the bus in the wrong direction... is it going back to Leuven?” “Yes, I’ll go back” “Oh, great, thank you”. “Wait, where were you supposed to go to?” “Minderbrodersstraat, close to the botanic garden”. Ele só balança a cabeça… e na minha cabeça só vem “shit”. “But ok, we’ll go back to Leuven”. Contei as novidades pra Laís (menos a balançada de cabeça, senão ela ia ficar um pouco mais preocupada) e completo: “Simpático, o senhor do ônibus”. A Laís olha para o retrovisor e diz: “Ele tem cara de psicopata” “Oi? É um velhinho tão bonzinho!” “Gabi, olha a cara de pagodeiro que ele tem!”. Hehe!!!

Daí pra frente, ficamos olhando a paisagem. “Ah, já deve estar voltando”. Não, estava chegando em outra cidade: Huldenberg. “Laís, come um chocolate!” - Eu e minha tentativa de desviar a atenção dela do caminho. “Agora estamos chegando ao ponto final”. Acho que falei isso umas 5 vezes pelo caminho! Enquanto isso, passamos por mais umas cidades, Sint... e enfim chegamos em Wavre – ponto final do ônibus. Claro que já não tinha mais ninguém no ônibus. Daí o motorista pega um cigarro, joga a ponta do cachecol ao redor do pescoço e pergundo: “How did you end up here?”. Aí contei pra ele que peguei o ônibus na direção errada e tal. “Oh, and you just came to Valonia”. Minha cara de assustada: “What?? We are in the south?? Oh, yeah, it’s written in French!”. Sim, a nossa preguiça fez a gente parar na Valônia! Mas como o nosso amigo disse, “you are Lucky, because I have to go back to Leuven”. E explicou pra gente os percursos que ainda faria naquela noite. Aliás, contou a vida inteira pra gente. Que tinha uma propriedade no sul da França (#brunetteaprova), que antes tinha uma printshop, mas que alguma coisa deu errado, e que ele virou motorista de ônibus, mas que só trabalhava nos finais de semana, incluindo o nightbus, que roda nas sextas e sábados... contou que o patrão era amigo dele da época da printshop, então que quando ele queria ele ia pra França... e que esse era o último final de semana que ele trabalhava no ônibus aqui na Bélgica: vai entrar de férias até o ano que vem e em agosto vai largar o trabalho e ir pra França, onde vai abrir um restaurante. E falou que sai da Bélgica na quarta-feira, depois de visitar o filho dele no hospital. Ele tem 3 filhos e se separou da mulher há 5 anos, mas tem uma boa relação com ela (pelo que eu entendi, ela que o largou). E pretende continuar sozinho. Segundo ele, morar sozinho também tem os seus pontos positivos: pode sair do serviço e ir tomar uma cerveja, pois não tem ninguém esperando por ele. E pra ele, chega de relacionamentos: é difícil e ele sofre muito.

Sério, a simpatia e honestidade dele me ganharam fácil. A Laís, apesar de ter achado que ele era até simpático, ainda ficou com o pé atrás. Falamos pra ele que tínhamos ultrapassado o limite da cidade e que devíamos pagar pela passagem e ele diz: “I’m not supposed to smoke in the bus. You don’t need to pay”. =)

De volta à estrada, a preocupação da Laís passou um pouco. Mas eu continuei oferecendo chocolate. E ele olhava com aquela cara de assustada toda vez que ele fazia um caminho que ela achava que não era o mesmo da ida. “Calma, Laís. Tem o desvio ali” “Eu sou desconfiada”. É, percebi. Essa é mesmo mineira.

Pulando alguns bons minutos da viagem, chego enfim ao momento em que reconhecemos Heverlee. Nosso amigo, pouco depois, vira e diz pra gente “Let me know where you want to go, we are close to the Botanic Garden”. “Opa! Ele vai deixar a gente onde a gente quiser!” E deixou a gente bem perto de casa. Na saída, eu super simpática, desejei boa sorte no novo empreendimento! E falei pra Laís: “Você nunca mais pega ônibus comigo, né?" Já é a segunda vez que vamos parar em lugares estranhos (a primeira vez a gente queria ir pro centro e chegou na estação, mas tomamos um susto porque ele passou pelo anel). E ela só ria...

Moral da história: Nunca pegue um ônibus desconhecido comigo, mesmo que eu diga que sei onde ele vai parar!

A rota que fizemos (Estávamos em A e queríamos chegar no ponto azul)

A rota oficial do 337. Provando que a culpa não foi minha!


Em minha defesa: o ônibus para sim no ponto perto da nossa casa, mas há um desvio por causa das eternas obras na cidade. It was just bad luck.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

#UndergroundCity

Enquanto eu andava pelas ruas nesse feriado, eu só conseguia pensar em títulos para esse post. E vários vieram à cabeça. A decisão por esse veio pelo duplo sentido da palavra: underground. Claro que nesse caso, o sentido pretendido é o literal, afinal de contas, estamos falando do país mais rico do mundo!

Sim, senhoras e senhores, se vocês não faltaram a essa aula de Geografia, sabem que estou falando de Luxemburgo, ou melhor: Grão-Ducado de Luxemburgo. Um país com pouco mais de meio milhão de habitantes e 2,5 mil km² e uma renda per capita de mais de US$ 80.000! E quer maior símbolo de riqueza e nobreza do que encontrarmos imagens da família real por todos os lados – e, inclusive, mais cartões postais do príncipe do que da cidade de Luxemburgo?! É engraçado até. A cidade parece que ainda respira o recente casamento do príncipe Guillaume com a Condessa da Bélgica (esqueci o nome). E existem fotos espalhadas por todas as lojas. Fico me perguntando se fizeram o mesmo com o outro príncipe, Louis, que abdicou do seu direito ao trono para se casar com uma plebeia. #ahan. Bom, mas ele nem era o primeiro da linha de sucessão, então, no fim das contas, não perdeu nada.


O cartão postal mais badalado de Luxemburgo. Ok, essa eu tive que pegar na Internet.

Outra coisa impressionante é o nacionalismo deles. É pior que o nacionalismo americano dos filmes: existem bandeiras do grão-ducado por todos os cantos! Novamente, uma coisa engraçada, porque é um país com 32% de estrangeiros – se for pra lá, tome cuidado ao falar português, porque a maior parte dos imigrantes é da terrinha. Apesar disso, tudo o que se vê escrito pela cidade está em francês, uma das três línguas oficiais do país. Me pergunto porque usam o luxemburguês apenas para conversar entre eles... #MundoEstranho

Esquisitices de lado, Luxemburgo hoje é o meu xodó. Tem tudo o que é bom numa capital combinado com o aconchego de uma cidade pequena. Sabe aquelas coisas de cidade do interior, de entrar num café e conhecer todo mundo? Isso acontece em Luxemburgo. Cidade grande com espírito de interior, onde a modernidade convive harmonicamente com a história. #QueBonito!

Cidade de contrastes. #Cliché

E com a natureza! Para cada lado que eu olhava, eu ficava mais impressionada: parece uma cidade construída no meio de uma floresta temperada! E o melhor: em um relevo muito acidentado. Uma cidade embaixo da terra, indeed. Bom, uma parte dela. A outra fica ao redor desses grandes desfiladeiros. Parece até o Rio. A diferença é que se no Rio chovesse como aqui, a cidade seria conhecida por ter sido soterrada a milhares de anos. #IfYouKnowWhatIMean.

Mas vamos à viagem: chegamos em Luxemburgo no dia 1º, feriado aqui na Europa, então a cidade estava meio deserta – e fria e chuvosa. Aliás, já estou me acostumando com o outono Europeu, que já ouvi dizer está sendo um dos piores dos últimos 100 anos ou algo assim. #globalwarming. Assim que saímos do hotel planejamos uma rota pra seguir e ver as principais coisas no centro. Quem disse que seguimos o plano?! Na primeira esquina já falei com a Priscila: “Olha, parece ter alguma coisa legal ali, vamos lá?”. E tinha! E foi assim que rompemos com o nosso plano e partimos ao deusdará pela cidade – o que eu ainda acredito ser a melhor forma de se conhecer os lugares.

Outono em Nova York Luxemburgo.


Chegamos a La Passarelle, uma ponte que parecia os arcos da Lapa e que dá uma vista sensacional da cidade – na verdade, sobre o Pétrusse Valley. Aquela impressão que eu comentei antes de que a cidade fica no meio do mato.

Arcos da Lapa La Passarelle. À direita, o início da Cité Judiciaire.

Atravessando a ponte chegamos à Cité Judiciaire, um grande complexo da justiça de Luxemburgo, onde também encontramos o Monument National de la Solidarité, em homenagem às vítimas da segunda guerra mundial. O) monumento é construído em aço e granito como uma alusão aos campos de concentração e as paredes da pequena capela, contendo uma lápide simbólica, são feitos inteiramente de vidro manchado. Foram os resultados dessa guerra e a experiência vivida por Luxemburgo que fizeram o país deixar de lado a sua política de neutralidade.

Sorte que não estava chovendo... não há foguinho que resista ao tempo chuvoso de Luxemburgo.

Caminhando em volta do vale, chegamos ao centro da cidade, onde fica a catedral gótica de Notre Dame (1613). Parece que tem uma em toda cidade, né? Mas o mais diferente dessa é que, ao contrário das outras, o teto no interior não é uma abóbada, e sim plano. Fora isso, a mesma beleza encontrada nas outras capelas, com detalhe para as pinturas no arco que divide a catedral ao meio e aos entalhes nas colunas. E, é claro, para as suas torres pontiagudas que podem ser avistadas de qualquer ponto da cidade!

À direita: Catedral de Notre Dame; à esquerda: Biblioteca Nacional.

Em reforma, pra variar.

Saindo da Catedral, encontramos a Place de la Constituition, que além de oferecer  uma bela vista para o Pétrusse Valley e para a ponte Adolphe Bridge, abriga a Gelle Fra: uma homenagem aos Luxemburgueses mortos na Primeira Guerra Mundial. No alto de uma coluna de 21 metros encontra-se uma estátua dourada de uma figura feminina que segura uma coroa de louros e a coloca sobre ‘a cabeça’ da nação; abaixo, as figuras de dois soldados que ofereceram seus serviços para combater pela França – um deles é morto em batalha e outro aparece velando o corpo do companheiro. Apesar de ter sido erguida em 1923 com o intuito de homenagear os soldados, hoje apresenta outro significado: ela foi derrubada pelos nazistas em 1940 e depois erguida novamente, dessa vez como símbolo da liberdade e da resistência de Luxemburgo.

Gelle Fra (E mais bandeiras do país...)

Caminhando e cantando, chegamos à Place de Guillaume II, onde de um lado fica o prédio do City Hall (e seus porteiros leões!) e do outro a estátua do Grand Duke William II (Guillaume, William... me perco fácil nessas traduções de nomes!). Mas nem sempre esse lugar foi assim. Claro que não, mas o que eu quero dizer é que antes de ser uma praça, esse lugar era ocupado por um monastério franciscano, só que durante as guerras francesas (depois da revolução), o local foi tomado pelos soldados da França. E não é que depois o nosso querido Napoleão foi lá e presenteou a cidade com a praça, em 1804? #pessoaboa

City Hall. Olha o poste!

A última parada da noite foi também uma parada do dia seguinte, so moving foward >>> Voltamos para o hotel, passando por várias ruas cheias de lojas chiques. Tem que ter poder aquisitivo pra viver aí viu!

No dia seguinte decidimos começar pelo caminho inverso que havíamos feito na noite anterior – afinal, passamos por mais lugares do que falei, só que como estava escuro não deu pra tirar fotos. Nosso hotel era bem perto da Pont Adolphe, e foi pra lá que fomos. Antes de chegar nela, uma paradinha para fotos numa praça com prédios bem bonitos que, quem diria, eram escritórios da Arcelor Mittal! #AtéMeFazMudarDeIdeiaSobreTrabalharComAço

Não me importo de trabalhar aí...

Eu e o donut gigante. De corpos. (Créditos do comentário: Klayton)

Seguindo em frente, chegamos à ponte e à Place de Metz, um dos cartões postais de Luxemburgo e que tem, de um lado, o grandioso prédio do BCEE, Banque et Caisse d’Epargne de l’Etat, o banco mais antigo de Luxemburgo. A construção foi feita entre 1909 e 1913,  e durante muitos anos foi a sede do banco e chegou até a abrigar o alto escalão da CECA – Comunidade Europeia do Carvão e do Aço; hoje funciona também como museu. Do outro lado da ponte fica outro prédio histórico, que nos anos de 1944 e 1945 funcionou como quartel general do exército americano, liderado pelo General Omar Bradley – foi aliás esse prédio que serviu de base para os americanos durante a Batalha de Bulge, que é lembrada por vários cantos da cidade (A Batalha de Bulge foi uma contraofensiva alemã nas fronteiras atuais de Bélgica, França e Luxemburgo, com o intuito de separar os aliados americanos dos britânicos. A ideia era tomar posse da cidade de Antwerpe, destruir as forças Aliadas e assim tentar um tratado de ‘paz’, entre os Aliados e as potências do Eixo – de forma a deixar Hitler livre pra focar nas forças soviéticas. Só que não deu: vitória dos Aliados, apesar de ter sido a batalha com maior baixa do exército Americano durante toda a Segunda Guerra.) #umpoucodehistória #estounocursoerrado.

BCEE.


Não lembro o nome do prédio... mas tem cavalos! =)

Pont Adolphe (e eu tentando um ângulo pra minha próxima foto)

A foto que eu estava tirando na foto de cima! Direto do Pétrusse Valley.

Depois de esperar o sinal para pedestres abrir e poder atravessar a Avenida (sem brincadeira, uns 5 minutos!), descemos para o Pétrusse Valley para caminhar pelo desfiladeiro e chegar ao outro lado, novamente na Place de la Constituition e enfim ao Palais Grand-Ducal, residência oficial do Grand-Duke de Luxemburgo, onde acontecem vários eventos das realezas e gente importante de Europa. No início, o prédio funcionava como City Hall, mas aí apareceu um duque novo, lá pelo século XIX, que decidiu que queria morar lá. Reformou tudo e transformou o prédio num palácio. E não é que os Nazistas acabaram com tudo? Não com tudo, mas usaram o prédio como sala de concertos e tavernas e danificaram bastante a mobília e as obras de arte do palácio. A coitada da duquesa Charlotte é que teve o trabalho de deixar tudo como era antes (mais moderninho até), depois de voltar do exílio em 1945.

O palácio. Procurei o príncipe em todas as janelas, mas nada...

Estou começando a achar que estou me delongando nesse post, então vou acelerar e passar direto para aquele que é considerado um dos patrimônios da Humanidade pela Unesco: As Casemates du Bock.

Ohhh!

Assino embaixo!

As Casemates du Bock são uma série de túneis e fortificações pela cidade de Luxemburgo construídas no Século X para proteger a cidade de invasões. Ao longo dos séculos, as defesas foram reforçadas, atacadas e reconstruídas continuamente, até que chegou o Tratado de Londres, no final da guerra Austro-Prussiana e a crise de Luxemburgo, que determinou que, como sinal da neutralidade do país, as fortificações deveriam ser destruídas – o que demorou cerca de 16 anos e foi o fim do apelido de “Gilbratar do Norte”. É hoje uma das maiores atrações turísticas de Luxemburgo e é realmente um passeio que vale a pena. A cada passo dentro do que restou dos túneis subterrâneos e ruínas das torres eu pensava: caramba, isso sim é um trabalho de Engenheiro Civil. É inimaginável como no século X conseguiram construir uma estrutura como aquela, e que é gigantesca! Grandes túneis, buracos de vigília, salões, sobe e desce de escadas... e pra variar, oferece uma vista perfeita de mais um pedaço da cidade.

Uma vista pior que a outra...

Muitas escadas... o pior é quando elas davam em lugar nenhum!

Salão de festa?

O Outro lado do Vale...

Casas e ruínas... E todas as casas em tons pastéis. TODAS!



Eu tô dizendo, difícil não se apaixonar por Luxemburgo! Pra terminar o dia, almoço em restaurante chique, servidas por um italiano que achou que éramos romenas! Isso bem na Neumünster Abbey, praça que hoje reúne espaços culturais, mas que no passado foi um mosteiro beneditino.

Almoçamos ali embaixo, oh...

Último jantar em Luxemburgo, comendo carne de cervo marinada por sei lá quantos dias (restaurante espanhol). #BrunetteAprova

À bientôt!