Enquanto eu andava pelas ruas
nesse feriado, eu só conseguia pensar em títulos para esse post. E vários
vieram à cabeça. A decisão por esse veio pelo duplo sentido da palavra:
underground. Claro que nesse caso, o sentido pretendido é o literal, afinal de
contas, estamos falando do país mais rico do mundo!
Sim, senhoras e senhores, se vocês não faltaram a essa aula de Geografia, sabem que estou falando de
Luxemburgo, ou melhor: Grão-Ducado de Luxemburgo. Um país com pouco mais de
meio milhão de habitantes e 2,5 mil km² e uma renda per capita de mais de US$
80.000! E quer maior símbolo de riqueza e nobreza do que encontrarmos imagens
da família real por todos os lados – e, inclusive, mais cartões postais do
príncipe do que da cidade de Luxemburgo?! É engraçado até. A cidade parece que
ainda respira o recente casamento do príncipe Guillaume com a Condessa da
Bélgica (esqueci o nome). E existem fotos espalhadas por todas as lojas. Fico
me perguntando se fizeram o mesmo com o outro príncipe, Louis, que abdicou do
seu direito ao trono para se casar com uma plebeia. #ahan. Bom, mas ele nem era
o primeiro da linha de sucessão, então, no fim das contas, não perdeu nada.
O cartão postal mais badalado de Luxemburgo. Ok, essa eu tive que pegar na Internet.
Outra coisa impressionante é o
nacionalismo deles. É pior que o nacionalismo americano dos filmes: existem
bandeiras do grão-ducado por todos os cantos! Novamente, uma coisa engraçada,
porque é um país com 32% de estrangeiros – se for pra lá, tome cuidado ao falar
português, porque a maior parte dos imigrantes é da terrinha. Apesar disso,
tudo o que se vê escrito pela cidade está em francês, uma das três línguas
oficiais do país. Me pergunto porque usam o luxemburguês apenas para conversar
entre eles... #MundoEstranho
Esquisitices de lado, Luxemburgo
hoje é o meu xodó. Tem tudo o que é bom numa capital combinado com o aconchego
de uma cidade pequena. Sabe aquelas coisas de cidade do interior, de entrar num
café e conhecer todo mundo? Isso acontece em Luxemburgo. Cidade grande com
espírito de interior, onde a modernidade convive harmonicamente com a história. #QueBonito!
Cidade de contrastes. #Cliché
E com a natureza! Para cada lado
que eu olhava, eu ficava mais impressionada: parece uma cidade construída no
meio de uma floresta temperada! E o melhor: em um relevo muito acidentado. Uma
cidade embaixo da terra, indeed. Bom, uma parte dela. A outra fica ao redor
desses grandes desfiladeiros. Parece até o Rio. A diferença é que se no Rio chovesse
como aqui, a cidade seria conhecida por ter sido soterrada a milhares de anos.
#IfYouKnowWhatIMean.
Mas vamos à viagem: chegamos em
Luxemburgo no dia 1º, feriado aqui na Europa, então a cidade estava meio
deserta – e fria e chuvosa. Aliás, já estou me acostumando com o outono
Europeu, que já ouvi dizer está sendo um dos piores dos últimos 100 anos ou
algo assim. #globalwarming. Assim que saímos do hotel planejamos uma rota pra
seguir e ver as principais coisas no centro. Quem disse que seguimos o plano?!
Na primeira esquina já falei com a Priscila: “Olha, parece ter alguma coisa
legal ali, vamos lá?”. E tinha! E foi assim que rompemos com o nosso plano e
partimos ao deusdará pela cidade – o que eu ainda acredito ser a melhor forma
de se conhecer os lugares.
Chegamos a La Passarelle, uma
ponte que parecia os arcos da Lapa e que dá uma vista sensacional da cidade – na
verdade, sobre o Pétrusse Valley. Aquela impressão que eu comentei antes de que
a cidade fica no meio do mato.
Atravessando a ponte chegamos à
Cité Judiciaire, um grande complexo da justiça de Luxemburgo, onde também
encontramos o Monument National de la Solidarité, em homenagem às vítimas da
segunda guerra mundial. O) monumento é construído em aço e granito como uma
alusão aos campos de concentração e as paredes da pequena capela, contendo uma
lápide simbólica, são feitos inteiramente de vidro manchado. Foram os
resultados dessa guerra e a experiência vivida por Luxemburgo que fizeram o
país deixar de lado a sua política de neutralidade.
Sorte que não estava chovendo... não há foguinho que resista ao tempo chuvoso de Luxemburgo.
Caminhando em volta do vale,
chegamos ao centro da cidade, onde fica a catedral gótica de Notre Dame (1613).
Parece que tem uma em toda cidade, né? Mas o mais diferente dessa é que, ao
contrário das outras, o teto no interior não é uma abóbada, e sim plano. Fora
isso, a mesma beleza encontrada nas outras capelas, com detalhe para as
pinturas no arco que divide a catedral ao meio e aos entalhes nas colunas. E, é
claro, para as suas torres pontiagudas que podem ser avistadas de qualquer
ponto da cidade!
À direita: Catedral de Notre Dame; à esquerda: Biblioteca Nacional.
Em reforma, pra variar.
Saindo da Catedral, encontramos a
Place de la Constituition, que além de oferecer uma bela vista para o Pétrusse Valley e para a
ponte Adolphe Bridge, abriga a Gelle Fra: uma homenagem aos Luxemburgueses mortos
na Primeira Guerra Mundial. No alto de uma coluna de 21 metros encontra-se uma
estátua dourada de uma figura feminina que segura uma coroa de louros e a
coloca sobre ‘a cabeça’ da nação; abaixo, as figuras de dois soldados que
ofereceram seus serviços para combater pela França – um deles é morto em
batalha e outro aparece velando o corpo do companheiro. Apesar de ter sido erguida
em 1923 com o intuito de homenagear os soldados, hoje apresenta outro
significado: ela foi derrubada pelos nazistas em 1940 e depois erguida
novamente, dessa vez como símbolo da liberdade e da resistência de Luxemburgo.
Gelle Fra (E mais bandeiras do país...)
Caminhando e cantando, chegamos à
Place de Guillaume II, onde de um lado fica o prédio do City Hall (e seus
porteiros leões!) e do outro a estátua do Grand Duke William II (Guillaume,
William... me perco fácil nessas traduções de nomes!). Mas nem sempre esse
lugar foi assim. Claro que não, mas o que eu quero dizer é que antes de ser uma
praça, esse lugar era ocupado por um monastério franciscano, só que durante as
guerras francesas (depois da revolução), o local foi tomado pelos soldados da
França. E não é que depois o nosso querido Napoleão foi lá e presenteou a
cidade com a praça, em 1804? #pessoaboa
City Hall. Olha o poste!
A última parada da noite foi
também uma parada do dia seguinte, so moving foward >>> Voltamos para
o hotel, passando por várias ruas cheias de lojas chiques. Tem que ter poder
aquisitivo pra viver aí viu!
No dia seguinte decidimos começar pelo caminho inverso que havíamos feito na noite anterior –
afinal, passamos por mais lugares do que falei, só que como estava escuro não
deu pra tirar fotos. Nosso hotel era bem perto da Pont Adolphe, e foi pra lá
que fomos. Antes de chegar nela, uma paradinha para fotos numa praça com
prédios bem bonitos que, quem diria, eram escritórios da Arcelor Mittal!
#AtéMeFazMudarDeIdeiaSobreTrabalharComAço
Não me importo de trabalhar aí...
Eu e o donut gigante. De corpos. (Créditos do comentário: Klayton)
Seguindo em frente, chegamos à
ponte e à Place de Metz, um dos cartões postais de Luxemburgo e que tem, de um
lado, o grandioso prédio do BCEE, Banque et Caisse d’Epargne de l’Etat, o banco
mais antigo de Luxemburgo. A construção foi feita entre 1909 e 1913, e durante muitos anos foi a sede do banco e
chegou até a abrigar o alto escalão da CECA – Comunidade Europeia do Carvão e
do Aço; hoje funciona também como museu. Do outro lado da ponte fica outro
prédio histórico, que nos anos de 1944 e 1945 funcionou como quartel general do
exército americano, liderado pelo General Omar Bradley – foi aliás esse prédio
que serviu de base para os americanos durante a Batalha de Bulge, que é
lembrada por vários cantos da cidade (A Batalha de Bulge foi uma contraofensiva
alemã nas fronteiras atuais de Bélgica, França e Luxemburgo, com o intuito de
separar os aliados americanos dos britânicos. A ideia era tomar posse da cidade
de Antwerpe, destruir as forças Aliadas e assim tentar um tratado de ‘paz’, entre
os Aliados e as potências do Eixo – de forma a deixar Hitler livre pra focar
nas forças soviéticas. Só que não deu: vitória dos Aliados, apesar de ter sido
a batalha com maior baixa do exército Americano durante toda a Segunda Guerra.)
#umpoucodehistória #estounocursoerrado.
BCEE.
Não lembro o nome do prédio... mas tem cavalos! =)
Pont Adolphe (e eu tentando um ângulo pra minha próxima foto)
A foto que eu estava tirando na foto de cima! Direto do Pétrusse Valley.
Depois de esperar o sinal para
pedestres abrir e poder atravessar a Avenida (sem brincadeira, uns 5 minutos!),
descemos para o Pétrusse Valley para caminhar pelo desfiladeiro e chegar ao
outro lado, novamente na Place de la Constituition e enfim ao Palais Grand-Ducal,
residência oficial do Grand-Duke de Luxemburgo, onde acontecem vários eventos
das realezas e gente importante de Europa. No início, o prédio funcionava como
City Hall, mas aí apareceu um duque novo, lá pelo século XIX, que decidiu que
queria morar lá. Reformou tudo e transformou o prédio num palácio. E não é que
os Nazistas acabaram com tudo? Não com tudo, mas usaram o prédio como sala de
concertos e tavernas e danificaram bastante a mobília e as obras de arte do
palácio. A coitada da duquesa Charlotte é que teve o trabalho de deixar tudo
como era antes (mais moderninho até), depois de voltar do exílio em 1945.
O palácio. Procurei o príncipe em todas as janelas, mas nada...
Estou começando a achar que estou
me delongando nesse post, então vou acelerar e passar direto para aquele que é
considerado um dos patrimônios da Humanidade pela Unesco: As Casemates du Bock.
Ohhh!
Assino embaixo!
As Casemates du Bock são uma série de túneis e fortificações pela cidade de Luxemburgo construídas
no Século X para proteger a cidade de invasões. Ao longo dos séculos, as
defesas foram reforçadas, atacadas e reconstruídas continuamente, até que
chegou o Tratado de Londres, no final da guerra Austro-Prussiana e a crise de
Luxemburgo, que determinou que, como sinal da neutralidade do país, as
fortificações deveriam ser destruídas – o que demorou cerca de 16 anos e foi o
fim do apelido de “Gilbratar do Norte”. É hoje uma das maiores atrações turísticas de Luxemburgo e é realmente um passeio que vale a pena. A cada passo dentro do que restou dos túneis subterrâneos e ruínas das torres eu pensava: caramba, isso sim é um trabalho de Engenheiro Civil. É inimaginável como no século X conseguiram construir uma estrutura como aquela, e que é gigantesca! Grandes túneis, buracos de vigília, salões, sobe e desce de escadas... e pra variar, oferece uma vista perfeita de mais um pedaço da cidade.
Uma vista pior que a outra...
Muitas escadas... o pior é quando elas davam em lugar nenhum!
Salão de festa?
O Outro lado do Vale...
Casas e ruínas... E todas as casas em tons pastéis. TODAS!
Eu tô dizendo, difícil não se
apaixonar por Luxemburgo! Pra terminar o dia, almoço em restaurante chique, servidas
por um italiano que achou que éramos romenas! Isso bem na Neumünster Abbey,
praça que hoje reúne espaços culturais, mas que no passado foi um mosteiro
beneditino.
Almoçamos ali embaixo, oh...
Último jantar em Luxemburgo, comendo carne de cervo marinada por sei lá quantos dias (restaurante espanhol). #BrunetteAprova
À bientôt!
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