terça-feira, 6 de novembro de 2012

#UndergroundCity

Enquanto eu andava pelas ruas nesse feriado, eu só conseguia pensar em títulos para esse post. E vários vieram à cabeça. A decisão por esse veio pelo duplo sentido da palavra: underground. Claro que nesse caso, o sentido pretendido é o literal, afinal de contas, estamos falando do país mais rico do mundo!

Sim, senhoras e senhores, se vocês não faltaram a essa aula de Geografia, sabem que estou falando de Luxemburgo, ou melhor: Grão-Ducado de Luxemburgo. Um país com pouco mais de meio milhão de habitantes e 2,5 mil km² e uma renda per capita de mais de US$ 80.000! E quer maior símbolo de riqueza e nobreza do que encontrarmos imagens da família real por todos os lados – e, inclusive, mais cartões postais do príncipe do que da cidade de Luxemburgo?! É engraçado até. A cidade parece que ainda respira o recente casamento do príncipe Guillaume com a Condessa da Bélgica (esqueci o nome). E existem fotos espalhadas por todas as lojas. Fico me perguntando se fizeram o mesmo com o outro príncipe, Louis, que abdicou do seu direito ao trono para se casar com uma plebeia. #ahan. Bom, mas ele nem era o primeiro da linha de sucessão, então, no fim das contas, não perdeu nada.


O cartão postal mais badalado de Luxemburgo. Ok, essa eu tive que pegar na Internet.

Outra coisa impressionante é o nacionalismo deles. É pior que o nacionalismo americano dos filmes: existem bandeiras do grão-ducado por todos os cantos! Novamente, uma coisa engraçada, porque é um país com 32% de estrangeiros – se for pra lá, tome cuidado ao falar português, porque a maior parte dos imigrantes é da terrinha. Apesar disso, tudo o que se vê escrito pela cidade está em francês, uma das três línguas oficiais do país. Me pergunto porque usam o luxemburguês apenas para conversar entre eles... #MundoEstranho

Esquisitices de lado, Luxemburgo hoje é o meu xodó. Tem tudo o que é bom numa capital combinado com o aconchego de uma cidade pequena. Sabe aquelas coisas de cidade do interior, de entrar num café e conhecer todo mundo? Isso acontece em Luxemburgo. Cidade grande com espírito de interior, onde a modernidade convive harmonicamente com a história. #QueBonito!

Cidade de contrastes. #Cliché

E com a natureza! Para cada lado que eu olhava, eu ficava mais impressionada: parece uma cidade construída no meio de uma floresta temperada! E o melhor: em um relevo muito acidentado. Uma cidade embaixo da terra, indeed. Bom, uma parte dela. A outra fica ao redor desses grandes desfiladeiros. Parece até o Rio. A diferença é que se no Rio chovesse como aqui, a cidade seria conhecida por ter sido soterrada a milhares de anos. #IfYouKnowWhatIMean.

Mas vamos à viagem: chegamos em Luxemburgo no dia 1º, feriado aqui na Europa, então a cidade estava meio deserta – e fria e chuvosa. Aliás, já estou me acostumando com o outono Europeu, que já ouvi dizer está sendo um dos piores dos últimos 100 anos ou algo assim. #globalwarming. Assim que saímos do hotel planejamos uma rota pra seguir e ver as principais coisas no centro. Quem disse que seguimos o plano?! Na primeira esquina já falei com a Priscila: “Olha, parece ter alguma coisa legal ali, vamos lá?”. E tinha! E foi assim que rompemos com o nosso plano e partimos ao deusdará pela cidade – o que eu ainda acredito ser a melhor forma de se conhecer os lugares.

Outono em Nova York Luxemburgo.


Chegamos a La Passarelle, uma ponte que parecia os arcos da Lapa e que dá uma vista sensacional da cidade – na verdade, sobre o Pétrusse Valley. Aquela impressão que eu comentei antes de que a cidade fica no meio do mato.

Arcos da Lapa La Passarelle. À direita, o início da Cité Judiciaire.

Atravessando a ponte chegamos à Cité Judiciaire, um grande complexo da justiça de Luxemburgo, onde também encontramos o Monument National de la Solidarité, em homenagem às vítimas da segunda guerra mundial. O) monumento é construído em aço e granito como uma alusão aos campos de concentração e as paredes da pequena capela, contendo uma lápide simbólica, são feitos inteiramente de vidro manchado. Foram os resultados dessa guerra e a experiência vivida por Luxemburgo que fizeram o país deixar de lado a sua política de neutralidade.

Sorte que não estava chovendo... não há foguinho que resista ao tempo chuvoso de Luxemburgo.

Caminhando em volta do vale, chegamos ao centro da cidade, onde fica a catedral gótica de Notre Dame (1613). Parece que tem uma em toda cidade, né? Mas o mais diferente dessa é que, ao contrário das outras, o teto no interior não é uma abóbada, e sim plano. Fora isso, a mesma beleza encontrada nas outras capelas, com detalhe para as pinturas no arco que divide a catedral ao meio e aos entalhes nas colunas. E, é claro, para as suas torres pontiagudas que podem ser avistadas de qualquer ponto da cidade!

À direita: Catedral de Notre Dame; à esquerda: Biblioteca Nacional.

Em reforma, pra variar.

Saindo da Catedral, encontramos a Place de la Constituition, que além de oferecer  uma bela vista para o Pétrusse Valley e para a ponte Adolphe Bridge, abriga a Gelle Fra: uma homenagem aos Luxemburgueses mortos na Primeira Guerra Mundial. No alto de uma coluna de 21 metros encontra-se uma estátua dourada de uma figura feminina que segura uma coroa de louros e a coloca sobre ‘a cabeça’ da nação; abaixo, as figuras de dois soldados que ofereceram seus serviços para combater pela França – um deles é morto em batalha e outro aparece velando o corpo do companheiro. Apesar de ter sido erguida em 1923 com o intuito de homenagear os soldados, hoje apresenta outro significado: ela foi derrubada pelos nazistas em 1940 e depois erguida novamente, dessa vez como símbolo da liberdade e da resistência de Luxemburgo.

Gelle Fra (E mais bandeiras do país...)

Caminhando e cantando, chegamos à Place de Guillaume II, onde de um lado fica o prédio do City Hall (e seus porteiros leões!) e do outro a estátua do Grand Duke William II (Guillaume, William... me perco fácil nessas traduções de nomes!). Mas nem sempre esse lugar foi assim. Claro que não, mas o que eu quero dizer é que antes de ser uma praça, esse lugar era ocupado por um monastério franciscano, só que durante as guerras francesas (depois da revolução), o local foi tomado pelos soldados da França. E não é que depois o nosso querido Napoleão foi lá e presenteou a cidade com a praça, em 1804? #pessoaboa

City Hall. Olha o poste!

A última parada da noite foi também uma parada do dia seguinte, so moving foward >>> Voltamos para o hotel, passando por várias ruas cheias de lojas chiques. Tem que ter poder aquisitivo pra viver aí viu!

No dia seguinte decidimos começar pelo caminho inverso que havíamos feito na noite anterior – afinal, passamos por mais lugares do que falei, só que como estava escuro não deu pra tirar fotos. Nosso hotel era bem perto da Pont Adolphe, e foi pra lá que fomos. Antes de chegar nela, uma paradinha para fotos numa praça com prédios bem bonitos que, quem diria, eram escritórios da Arcelor Mittal! #AtéMeFazMudarDeIdeiaSobreTrabalharComAço

Não me importo de trabalhar aí...

Eu e o donut gigante. De corpos. (Créditos do comentário: Klayton)

Seguindo em frente, chegamos à ponte e à Place de Metz, um dos cartões postais de Luxemburgo e que tem, de um lado, o grandioso prédio do BCEE, Banque et Caisse d’Epargne de l’Etat, o banco mais antigo de Luxemburgo. A construção foi feita entre 1909 e 1913,  e durante muitos anos foi a sede do banco e chegou até a abrigar o alto escalão da CECA – Comunidade Europeia do Carvão e do Aço; hoje funciona também como museu. Do outro lado da ponte fica outro prédio histórico, que nos anos de 1944 e 1945 funcionou como quartel general do exército americano, liderado pelo General Omar Bradley – foi aliás esse prédio que serviu de base para os americanos durante a Batalha de Bulge, que é lembrada por vários cantos da cidade (A Batalha de Bulge foi uma contraofensiva alemã nas fronteiras atuais de Bélgica, França e Luxemburgo, com o intuito de separar os aliados americanos dos britânicos. A ideia era tomar posse da cidade de Antwerpe, destruir as forças Aliadas e assim tentar um tratado de ‘paz’, entre os Aliados e as potências do Eixo – de forma a deixar Hitler livre pra focar nas forças soviéticas. Só que não deu: vitória dos Aliados, apesar de ter sido a batalha com maior baixa do exército Americano durante toda a Segunda Guerra.) #umpoucodehistória #estounocursoerrado.

BCEE.


Não lembro o nome do prédio... mas tem cavalos! =)

Pont Adolphe (e eu tentando um ângulo pra minha próxima foto)

A foto que eu estava tirando na foto de cima! Direto do Pétrusse Valley.

Depois de esperar o sinal para pedestres abrir e poder atravessar a Avenida (sem brincadeira, uns 5 minutos!), descemos para o Pétrusse Valley para caminhar pelo desfiladeiro e chegar ao outro lado, novamente na Place de la Constituition e enfim ao Palais Grand-Ducal, residência oficial do Grand-Duke de Luxemburgo, onde acontecem vários eventos das realezas e gente importante de Europa. No início, o prédio funcionava como City Hall, mas aí apareceu um duque novo, lá pelo século XIX, que decidiu que queria morar lá. Reformou tudo e transformou o prédio num palácio. E não é que os Nazistas acabaram com tudo? Não com tudo, mas usaram o prédio como sala de concertos e tavernas e danificaram bastante a mobília e as obras de arte do palácio. A coitada da duquesa Charlotte é que teve o trabalho de deixar tudo como era antes (mais moderninho até), depois de voltar do exílio em 1945.

O palácio. Procurei o príncipe em todas as janelas, mas nada...

Estou começando a achar que estou me delongando nesse post, então vou acelerar e passar direto para aquele que é considerado um dos patrimônios da Humanidade pela Unesco: As Casemates du Bock.

Ohhh!

Assino embaixo!

As Casemates du Bock são uma série de túneis e fortificações pela cidade de Luxemburgo construídas no Século X para proteger a cidade de invasões. Ao longo dos séculos, as defesas foram reforçadas, atacadas e reconstruídas continuamente, até que chegou o Tratado de Londres, no final da guerra Austro-Prussiana e a crise de Luxemburgo, que determinou que, como sinal da neutralidade do país, as fortificações deveriam ser destruídas – o que demorou cerca de 16 anos e foi o fim do apelido de “Gilbratar do Norte”. É hoje uma das maiores atrações turísticas de Luxemburgo e é realmente um passeio que vale a pena. A cada passo dentro do que restou dos túneis subterrâneos e ruínas das torres eu pensava: caramba, isso sim é um trabalho de Engenheiro Civil. É inimaginável como no século X conseguiram construir uma estrutura como aquela, e que é gigantesca! Grandes túneis, buracos de vigília, salões, sobe e desce de escadas... e pra variar, oferece uma vista perfeita de mais um pedaço da cidade.

Uma vista pior que a outra...

Muitas escadas... o pior é quando elas davam em lugar nenhum!

Salão de festa?

O Outro lado do Vale...

Casas e ruínas... E todas as casas em tons pastéis. TODAS!



Eu tô dizendo, difícil não se apaixonar por Luxemburgo! Pra terminar o dia, almoço em restaurante chique, servidas por um italiano que achou que éramos romenas! Isso bem na Neumünster Abbey, praça que hoje reúne espaços culturais, mas que no passado foi um mosteiro beneditino.

Almoçamos ali embaixo, oh...

Último jantar em Luxemburgo, comendo carne de cervo marinada por sei lá quantos dias (restaurante espanhol). #BrunetteAprova

À bientôt!




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