I Amsterdam. Em uma palavra: crazy city. Ok, duas! A verdade é que a
linha que divide o amor e o ódio que eu senti por essa cidade é bem tênue.
Foto panorâmica da Museumplein. Ao fundo, o Rijksmuseum e o famoso escrito "I Amsterdam". Quase uma fotógrafa profissional, né?
O ódio veio primeiro. Fomos para
Amsterdam de ônibus, numa cansativa viagem de 3h30, e chegando lá ainda estava
frio. Muito frio. E com chuva (Ok, era só uma chuvinha, mas com aquele vento
todo era insuportável). E ainda tem aquela coisa que caracteriza a atmosfera de
Amsterdam: o aroma da Cannabis.
Popularmente conhecida com “a erva” – pra ser mais clara: Maconha. É. É isso
que atrai tantos turistas para essa cidade, principalmente jovens. Taí a
segunda coisa que odiei em Amsterdam: todo mundo é estrangeiro. Nativos são
dificilmente encontrados nessa cidade. Já brasileiros achamos em
qualquer esquina!
O título do post revela bem a
postura da cidade. A venda e o consumo de drogas leves, como a maconha e o
haxixe, são liberados na cidade desde 1976. Para o governo holandês, liberando
o consumo de drogas mais leves ele afasta as pessoas de drogas mais pesadas,
como o crack e a cocaína. #será? Não sei dizer se a medida é efetiva ou não,
mas como turista posso pelo menos dizer que a coisa toda me parece organizada.
As drogas são vendidas em “estabelecimentos especializados”, os chamados coffeeshops, onde é possível encontrar
várias rodas de amigos fumando. Tirando a parte do cheiro desagradável, os
usuários não incomodam ninguém e nem fazem algazarra pelas ruas – pelo menos eu
não vi.
Outro assunto que gera polêmica
quando se fala em Amsterdam é a regulação da prostituição. Alguém aí já ouviu
falar da Red Light Street? São vários
quarteirões onde o que está à disposição nas vitrines são as prostitutas, ou
mulheres de vida fácil, chamem como quiser! Não, nada de preconceito da minha
parte - não tenho nada a ver com elas. A verdade é que a dita profissão mais
antiga do mundo movimenta uma boa grana na cidade. Os programas giram em torno
de 50 euros e quando os clientes chegam, fecham-se as cortinas vermelhas e
acendem-se as luzes da cabine – daí o nome da rua. O mais estranho é que, em
meio a tudo isso, passam crianças, idosos e casais, e ninguém parece ligar para
o que está diante dos olhos. Só os turistas mesmo para ficarem surpresos. E
olha que muitos deles já passaram pelos coffeeshops.
Polêmicas de lado, bora falar do
que me deixou apaixonada por Amsterdam? Mesmo com todo o tempo ruim (céu escuro,
chuva, vento e frio), a cidade é linda! São inúmeros canais dividindo a cidade
e dá vontade de parar em todos e tirar fotos (mesmo que muitos dos cenários
pareçam iguais!). Lembram-se das cenas da Nanda em Amsterdam na novela Páginas
da Vida? #noveleira. Igualzinho! E as casas flutuantes são um encanto a mais!
Minha única decepção foi que não vi nenhuma tulipa na cidade! No máximo umas
flores de madeira em lojas de souvenirs.
Só faltou o sol resolver dar o ar de sua graça!
E ainda tem os museus! Nooossa!
Foi aí que minha paixão pela cidade surgiu! E foi também onde começou a minha
crise financeira! O museu da Anne Frank é uma das coisas mais bonitas e
emocionantes que já vi. O tour pelo museu é feito de tal forma que é impossível
não se sentir na pele daquelas pessoas e passar pelas mesmas emoções que elas.
Em termos objetivos, o museu é bastante dinâmico e aos poucos vamos entrando na
história da família Frank e todos os demais envolvidas na trama, através de
trechos do livro, relatos históricos, depoimentos, fotografias, vídeos, maquetes
que reproduzem o cenário original do escritório e da casa, e dos passos dados
dentro do chamado “Anexo”, onde os Frank e seus companheiros mantinham-se
escondidos da polícia nazista. Saí de lá com um aperto no peito e uma vontade
tremenda de visitar a Polônia! Se eu já era louca pela história da Segunda
Guerra, o museu só fez aflorar o meu desejo de conhecer os cenários desse
período da história. A visita terminou, claro, com o Diário de Anne Frank nas
mãos e mais dois cartões postais – direto pra coleção!
Entrada do Museu da Anne Frank.
Tinha uma fila bem grandinha e muita gente dentro. Fotos no interior não são
permitidas – mas ia perder a graça pra quem for lá depois!
Outra maravilha de Amsterdam: o
Palácio Real. É um dos poucos palácios abertos a visitação na Europa. E uma
visita que com certeza vale à pena! Durante muitos anos, o local funcionou como
Stadhuis, uma espécie de Câmara
Municipal, mas, à pedido de Louis Napoleão, irmão do glorioso Imperador
Napoleão Bonaparte, o prédio deixou de ser considerado sede administrativa do
município e se tornou a residência real – claro, depois de uma grande reforma,
que aproximou o estilo do prédio ao francês e retirou obras que retratavam o
regime republicano, substituindo-as por diversas outras que ostentavam e
glorificavam a monarquia.
Palácio Real e um tempo bem ruim.
Alto do Palácio - na saída o tempo melhorou bem, né?
O salão principal do Palácio. Feio, né?
Esse aí carrega o mundo nas costas...
Curti o esqueleto ali, cheio de charme!
O que eu aprendi de história no
museu: em 1806, Napoleão Bonaparte deu um ultimato à delegação holandesa
convocada para uma reunião em Paris: a Holanda deveria ser comandada por um rei
francês ou tornar-se um território anexo ao império da França. O que aconteceu
foi que em 5 de junho desse ano, Napoleão nomeou o seu irmão Louis rei da
Holanda, com o seguinte aviso: “Be Dutch among the Dutch, but don’t ever forget
to be French.” O prédio, no entanto, só foi ocupado por Louis Napoleon em 1808
(mesmo ano da vinda da corte portuguesa para o Brasil).
Nosso amigo Louis Napoleon.
Bom, como nunca estive antes em
um palácio real, não posso fazer comparações, mas posso dizer que a arquitetura
neoclássica do edifício (aprendi com a Tati!), somada às esculturas espalhadas
por todos os lados, às pinturas e imagens religiosas, e à própria mobília real,
são fascinantes. Muito branco, vermelho e dourado - tudo muito rico, de forma a
demonstrar o poderio da família francesa.
Não me lembro de quem era esse quarto. Mas parece confortável!
Difícil não ficar olhando só pra cima com lustres e pinturas tão maravilhosos!
Caramba, olha só como cada parede e cada pedacinho do teto é bem trabalhado!
Esse daí é o teto do corredor que dá acesso a uma varandinha onde eram realizados os pronunciamentos para a multidão. O 'anjo' com duas cornetas é o símbolo das más notícias. Aquele com apenas uma corneta é o que dá as boas novas.
Last, but not least, o museu do Van Gogh! Eu
sempre curti muito o estilo do Van Gogh, com aqueles traços que, à primeira
vista, podem parecer grosseiros e mal feitos – mas que, no fim, tomam formas e
apresentam uma grande expressividade.
Museu do Van Gogh.
Eu já conhecia um pouco da
história do pintor e muitas (bom, pelo menos eu considerava muitas) de suas
obras, mas o museu conseguiu me surpreender muito. Positivamente!
Primeiramente, um pouco sobre o
museu. É um prédio moderninho que fica na Museumplein
(praça dos museus #GabiEsnobandoNoDutch), entre o Rijksmuseum (que eu ainda quero visitar, já que tem várias obras de
Rembrant) e o Stedelijk Museum –
mesma praça do “I
Amsterdam”. Eu fui no museu na sexta-feira à
noite, na expectativa de conseguir uma visita guiada de graça, só que não
rolou. Mas #ficaadica: o museu só fica aberto durante o dia, com exceção da
sexta, quando além de funcionar até as 22h ainda rola um showzinho no lounge do museu: DJ, bebidas e sofás
aconchegantes para encantar ainda mais a visita.
Mas vamos falar de Van Gogh?
Surpreendentemente, a vida de Van Gogh como artista só durou dez anos e nessa
década ele produziu nada mais, nada menos, que 900 telas e 1100 desenhos. Como
diria o Matheux: “porra!!!”. O mais legal da história é que ele meio que
decidiu que ia virar artista do nada, depois de ser demitido. Daí começou a
desenhar e a ficar pulando de galho em galho – passou cada época da sua vida em
uma cidade diferente.
Começou com desenhos e pinturas
da vida rural, com toda a simplicidade dos camponeses e abusando de tons
escuros – o que, à princípio, não agradava muito. Como esse tipo de pintura não
rendia muita grana pra ele, começou a fazer retratos. Usava camponeses e mesmo
prostitutas como modelos para se aperfeiçoar na técnica. E, é claro, produzia
vários autorretratos – chegando mesmo a utilizar telas já pintadas para novas
obras.
Sua fase light começou quando se
mudou para Paris. Ali pintou flores e paisagens e se dedicou ainda mais aos autorretratos:
foram 27 desde sua chegada em Paris e a mudança de cores na sua paleta é bem
clara! Foi um período que serviu principalmente para que Vincent experimentasse
novos tons.
Bom, não dá pra contar a história
toda, né? Mas é importante dizer que Van Gogh sempre sofreu dos nervos e que foi
entre uma crise e outra que seus trabalhos foram produzidos – inclusive quando
estava internado em no asilo Saint-Remy. Ao seu lado sempre esteve o irmão,
Theo, que dava suporte financeiro e incentivava o trabalho de Vincent. Morreu
pouco depois do irmão e ficou nas mãos de sua viúva a responsabilidade de levar
para o mundo o trabalho excepcional de Van Gogh.
Mais uma visita que deve ser
feita!
Esse post já se delongou demais,
né? Vou terminar contando que um ótimo passeio em Amsterdam pode ser feito à
pé, em posse de um mapa com os principais pontos turísticos. Só assim pra fugir
da agitação e tumulto de turistas e curtir um pouco da cidade, sua arquitetura,
os belos canais, igrejas, praças e esculturas. Ainda bem que na próxima semana
volto pra lá! Ainda falta muita coisa pra conhecer! Mas antes disso eu ainda posto o resto das coisas que vi em Amsterdam.
Tot ziens!
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