ou o dia em que fui um
brinquedinho nas mãos do governo azeri...
Agora com a comitiva completa (já
chegou o pessoal da Croácia, Marrocos, Egito, África do Sul, Lituânia e os
americanos), estamos prestes a começar a nossa programação cultural!
Oh, wait. Só os brasileiros
receberam a programação. E, aparentemente, cada país recebeu uma informação
diferente do que ia fazer hoje! Pra completar, hoje é #ArmyDay. Meaning: tem
uma parada militar bem do lado do nosso hotel. Quer mais? estamos sitiados:
ninguém sai do hotel! Mas pelo menos podemos assistir à parada pela janela da academia ou da
piscina. Só que foto nem pensar! Tem franco-atiradores por todo lado de olho em
você! #medo
O dia das forças armadas foi
instituído em 1998 pelo então presidente Heydar Aliyev, o #figurão do
país. O dia escolhido, 26 de junho, relembra o dia da criação da primeira
unidade militar do país, the Separate
Corps, em 1918. As forças armadas são um dos fundamentos para a criação e
sustentação de um estado independente e para o Azerbaijão isso tem uma
importância tremenda. É só pensar um pouco na região em que o país se encontra
que a gente entende isso: vizinho do Irã, em conflito desde antes da sua
independência com a Armênia, home sweet
home de alguns curdos e bem pertinho da Chechênia. (Obrigado mãe por me
pedir pra fazer aquele ppt dos conflitos internacionais e, mesmo que não
intencionalmente, me fazer entender onde eu fui me meter!)
No final das contas, recebemos
uma nova programação. À tarde, quando finalmente pudemos deixar o hotel, fomos
para o prédio do Comitê Olímpico do Azerbaijão, onde nos encontramos com o
ministro da Juventude e dos Esportes, que fez a entrega dos certificados aos
ganhadores do concurso. Beaucoup de gente. E a souvenir freak aqui saiu de lá com uma mini tapeçaria e um lenço (os meninos ganharam um jogo de
gamão. Ainda estou em negociações de troca).
Logo em seguida, de volta pro ônibus
(já falei que o ônibus era a decadência em seis rodas? Ou seriam quatro? Não reparei...) e de lá para o Alley of
Honor (cemitério de pessoas importantes, dentre elas presidentes, cientistas e artistas) e depois para o Alley of Martyrs (memorial dedicado aos mortos pelo exército soviético no chamado Janeiro Negro e, posteriormente, aos oficiais e civis mortos no conflito Nagorno-Karabakh). E é aí que a gente começa a servir de marionete
do governo. Antes de entrarmos nos Alleys, nos entregaram
rosas/cravos para que depositássemos sobre os túmulos, primeiro no do
ex-presidente e #queridinho do país, Heydar Aliyev, depois de pessoas desconhecidas
(soldados ou civis). Só que, em nenhum momento nos disseram o porquê daquela homenagem. Aliás, não explicaram nada, não apenas quem eram as pessoas, como nem mesmo o nome e a história dos lugares que estávamos visitando! #GodSaveWikipedia
Portão do Alley of Honor
Excelentíssimo senhor presidente, Heydar Aliyev.
Turistada que desceu do ônibus. Ah, isso deve ser uma mesquita.
The Flame Towers, agora de pertinho.
Homenagem ao exército turco. (turco?)
Luz, câmera, ação.
Vista do Alley of Martyrs.
E, como se não bastasse, me senti no Show de Truman, com câmeras nos
acompanharam todo o dia, registrando cada passo desses estrangeiros que apoiam
a “causa” do Azerbaijão. Fico imaginando que história eles vão mostrar para a
população local. A imagem que fica pra mim, pelo menos, é a de uma lavagem cerebral típica do
livro 1984. Aliás, o país tem uma atmosfera bem estranha. No papel, é uma
República democrática, mas o que menos sinto aqui é um sentimento de liberdade ou de
democracia. Tenho a impressão de que ninguém fala sobre o governo e sua
política aqui dentro e isso é uma coisa bem desconfortável.
Anyway... pra quem estava achando que essa
viagem era de graça, ela veio ao preço da minha alma. Amanhã é dia de deixar a
capital e quiçá ver o que se esconde atrás dos arranha-céus e luzes de Baku. Pra terminar, as fotos que eu tirei andando pela cidade à noite.
Tá sempre na minha frente, o Palácio do Governo.
Minha casa, minha vida: Hotel Marriott
City of lights.
Brincando de tirar fotos à noite! =)
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